Evita




Evita é um musical de Andrew Lloyd Webber com letras de Tim Rice. É o sexto musical da dupla, incluindo nessa lista, Jesus Chirst Supestar de 1970. Estreeou em 1978 e é considerado uma ópera rock. O álbum de estréia é de 1976, dois anos antes da produção teatral. Há poucos diálogos e a instrumentalização inclui guitarras e outros equipamentos elétricos.

A idéia nasceu após a recusa da dupla em criar um musical sobre Peter Pam. No rádio, ouviram um documentário sobre Evita e imediatamente gostaram da idéia. Weber e Rice viajaram para a Argentina e começaram as pesquisas. A primeira filha de Weber se chamou Evita, tamanha era a paixão de Weber pela personagem. O musical também foi baseado no filme argentino “Queen of Hearts” (1972), dirigido por Carlos Pasini-Hansen.

Harold Prince, diretor (Cabaret, Company, Little Night Music), envolvido com a produção desde o início, fez questão de que o personagem Che, criado para ser apenas um narrador-comentarista, se parecesse com Che Guevara.

O primeiro ato começa num cinema em Buenos Aires em 26 de julho de 1952. No meio do filme, há uma interrupção em que um funcionário anuncia que “Eva Perón (Elaine Paige) entrara para imortalidade às 8h25min daquela noite.” As pessoas começam a chorar e um Réquiem começa a ser ouvido. Che (David Essex) aparece e, cinicamente, canta Oh What a Circus. Então, ele introduz a audiência à Eva Duarte, uma garota com 15 anos de idade, moradora do interior da Argentina. Ela está envolvida com seu primeiro namorado, o cantor de tangos Augustín Magaldi (Mark Ryan), a quem convence levá-la para a capital do país: Buenos Aires. Na capital, ela rapidamente esquece Magaldi e muda frequentemente de namorados atingindo, a cada um, novas posições: modelo, estrela do rádio, atriz. Em 1943, ela conhece o Cel. Juan Perón (Joss Ackland), um ajudante da ditadura que governa o país.

Um terremoto devasta o país e Perón se destaca como ajudante dos pobres. Com ele, Eva aparece o que desagrada a aristocracia argentina. Perón é preso pelos próprios militares que, diante da crise, deixam o governo. Eleições presidenciais são convocadas. Perón apresenta um projeto de uma Nova Argentina. É quando termina o primeiro ato.

O segundo ato começa com a vitória de Perón em 1946 para a presidência da república. Na sacada da Casa Rosada, ela saúda os “descamisados” da Argentina. Eva Perón também discursa e canta “Don’t cry for me Argentina”, a música mais famosa da peça, sob o olhar cruel de Che que pensa no preço pago pela fama. Eva e Juan dançam no baile presidencial.

Eva Perón lança uma imagem de glamour que impressiona o povo da Argentina, promovendo o Peronismo. Uma viagem a Europa é feita e começa como um grande sucesso para o mundo. Espanhóis a adoram, italianos relacionam ela a Mussolini. A França não se impressiona e os ingleses a esnobam. Eva desdenha da classe alta e Che pergunta a ela se já não é hora dela dela cumprir o que prometeu e ajudar os mais necessitados. Começa a Fundação Eva Perón. Evita, então, é apresentada como vice-presidente, contrariando todos os membros do governo. Sua saúde, no entanto, não é forte o bastante. Ela insiste em continuar e Che mostra-se decepcionado. Então, já bastante debilitada ela entende que o marido a ama por quem ela é, não pela ajuda que ela pode prestar-lhe. Ela renuncia à idéia de ser vice-presidenta e jura amor eterno ao povo da Argentina. Ela more e seu corpo é embalsamado para durar para sempre. Um monumento é construído para ela, mas não sai do pedestal. Seu corpo desaparece por dezessete anos.

Na sua estréia ganhou o Oliver de Melhor Musical e Elaine Paige ganhou o de melhor performance. Na Broadway, ganhou os seguintes Tony: indicações de Melhor ator coadjuvante (Bob Gunton/Perón), melhor cenário, figurino e coreografia. E os prêmios de Melhor ator (Mandy Patinkin/Che), atriz (Patti Lupone/Evita), melhor iluminação, direção, texto, trilha sonora e Melhor Musical de 1979.

Em 1996, Alan Parker (The Wall, Fame) dirigiu a versão cinematográfica do musical (136min). Poucas foram as adaptações supervisionadas por Lloyd Weber e Tim Rice. O filme começa com Eva ainda criança, cena essa que vem depois da abertura na interrupção do filme pela morte da primeira-dama como na versão teatral.Eva, ainda garotinha, tenta entrar no funeral do seu pai na pequena cidade de Junín. Ela que é da classe baixa não tem permitida sua entrada pela classe média local a quem o pai e sua família oficial pertenciam. Numa briga entre a viúva oficial e a mãe de Eva, a garotinha consegue avançar e chora sobre o corpo de seu pai até ser carregada para fora. O funeral do pai se mistura com seu próprio funeral em 1952. O Che da versão cinematográfica em nada lembra o revolucionário latino-americano. Daí para diante, tudo é igual, havendo apenas uma modificação no final. No filme, não há menção a uma estátua para Evita e tampouco para o desaparecimento de seu corpo.

A preparação para o filme começou junto com a estréia do musical em 1978. Meryl Streep, Cher, Barbra Streisand, Glenn Close, Olivia Newton-John e Michelle Pfeifer foram cogitadas para o papel. Michelle Pfeifer chegou a gravar canções para o filme. Reza a lenda que Madonna foi escolhida pela insistência. A cantora enviou várias de cartas para o diretor Alan Parker a fim de ser escolhida, dizendo que ela era perfeita para o papel. E foi. No meio das gravações, descobriu que estava grávida de sua primeira filha, Lourdes Maria, que nasceu no dia 14 de outubro de 1996.

O filme ganhou quatro indicações ao Oscar 1997: Melhor edição de som, direção de arte, fotografia e Montagem. E o Oscar 1997 de Melhor Canção para “You Must Love Me” e "Don't cry for me Argentina".

Madonna troca de roupa 85 vezes durante o filme. Mais do que Elizabeth Taylor em Cleópatra. Usou 39 chapéus, 45 pares de sapato e 56 pares de brincos. O filme causou muita polêmica quando lançado. Os argentinos, em maioria, receberam mal o filme, dizendo que era uma ofensa à memória de Eva Péron.

Maurício Shermann (Zorra Total) dirigiu a versão brasileira do musical em 1983. Claudya de Oliveira interpretava Evita, Mauro Mendonça, Perón; e Carlos Augusto Strazzer, Che.

 

Read More

Show Boat



Cotton Blosson, o barco-show que deslizava pelo Rio Mississippi levando para os portos peças teatrais, números de vaudevilles e revistas de ano, aportou pela primeira vez em 1926, ano em que Edna Ferber (1858-1968), uma escritora americana (lésbica), lançou Show Boat, seu 14º romance, desde sempre um grande sucesso.

O livro se tornou o primeiro grande musical da história da Broadway e três foi levado para as telas de cinema. Em cada umas das quatro realizações, houve alterações profundas. Vamos a elas:

A novela 

O Capitão Andy Hawks adquire um barco-teatro chamado Cotton Blosson (Algodão Florido) e o dirige também artisticamente. Sua esposa é uma mulher perversa chamada Parthy Ann. O casal tem uma filha de dez anos chamada Magnólia quando a história começa. Entre os atores da companhia, há uma atriz chamada Julie Dozier e seu marido Steve Baker, além de Ellie Chipley e seu marido chamado carinhosamente por Schultzy. Há, também Pete, o mecânico do barco, que faz investidas em Julie. Steve e Peter brigam e o mecânico promete vingança anunciando saber um segredo de Julie, melhor amiga de Magnólia. Quando a troupe chega em Lemoyne, Mississippi, Pete rouba uma foto de Julie do cartaz de apresentação do espetáculo e leva para o xerife local. No ensaio geral para a apresentação, a polícia chega e exige a partida imediata de Julie Dozie e seu marido do condado. Julie, sem ninguém soubesse, é filha de mãe negra e por isso mulata. Sendo Steve branco, a união dos dois é miscigenada, o que é um crime para as leis locais. Steve pega uma faca e corta o dedo de sua esposa e bebe-lhe o sangue. Com isso, anuncia para todos que o casal tem o mesmo sangue e, por isso, ambos são mestiços. E partem. Ellie tem um ataque histérico porque sua grande amiga vai embora do Cotton Blosson. A despedida de Julie é muito sentida por todos, em especial, por Magnólia.

Os anos passam e Magnólia tem agora 18 anos. Depois de muitas atrizes terem passado pelo barco do pai, chega a sua vez. Mas não há, para ela, um ator que possa junto dela protagonizar. É quando aparece Gaylord Ravenal, um apostador, que, por amor à Magnólia, junta-se ao grupo. Os dois se casam e têm uma filha chamada Kim Hawks Ravenal. Em seguida, o Capitan Andy, em meio a uma tempestade, cai do barco e desparece. O jovem casal parte, então, para Chicago com sua filha. Lá o casal é alternadamente rico e pobre, dependendo das vitórias e perdas de Ravenal no jogo. Ele não trabalha e trai sua esposa muitas vezes com prostitutas. Dez anos depois, então, Parthy avisa que está vindo visitar a filha e a neta que, pelas cartas, sempre disseram estar muito bem. O aviso, no entanto, chega em péssima hora. Ravenal não tem dinheiro algum. Mas o consegue pedindo emprestado para Hetty Chilson, a dona de um prostíbulo, voltando bêbado para Magnólia. Quando ele dorme, Magnólia vai até o prostíbulo para devolver o dinheiro. Lá descobre que a secretária de Hetty Chilson é, na verdade, Julie Dozier, sua velha amiga. Julie fica devastada quando sua amiga descobre o que houve do seu futuro. (Nada sobre Steve é mencionado.) Ao voltar pra casa, Magnólia descobre que seu marido se fora para sempre, envergonhado pelo que fez com sua família. Desesperada, Magnólia procura emprego e é contratada para trabalhar numa casa de espetáculos chamada Joppers.

A história pula para 1926 quando os Show Boats já são raros no Rio Mississippi. Kim casou e se tornou um grande sucesso na Broadway como atriz. Seu pai está morto há muito tempo. Um dia, Magnólia recebe um telegrama dizendo que sua mãe, Parthy, faleceu. Então, ela retorna ao Cotton Blossom, que ela decide gerenciar. Quem volta com ela é Ellie, agora viúva de Schultzy.

O teatro: 

A versão teatral estreou imediatamente um ano após o lançamento do livro. Oscar Hammerstein II (The King and I, Carousel, South Pacific, Oklahoma!, The Sound of Music…) escreveu o roteiro e os diálogos e Jerome Kern (Ziegfiel Follies 1911,1916 e 1917, além de vários musicais das três primeiras décadas do séc. XX) compôs as canções. A produção foi de Florenze Ziegfield, que nunca tinha produzido algo do tamanho desse projeto. A estréia aconteceu no dia 27 de dezembro de 1927, mas deveria ter ocorrido em abril daquele ano quando Ziegfield queria inaugurar seu novo teatro. Rio Rita, uma opereta, acabou inaugurando o teatro e Show Boat teve que esperar para poder entrar em cena. O espetáculo fez 572 apresentações e marca, de forma radical, a despedida dos anos 20, a década luminosa. Em 1929, com a Queda da Bolsa, os Estados Unidos mergulhou numa nova era. O mais incrível desse musical foi que praticamente não houve aplausos na sua sessão de estréia tamanho era o estranhamento que ele causava. As pessoas não estavam acostumadas com esse tipo de sessão, longa e ousada: uma história impactante do ponto de vista racial, bela musicalmente e com os melhores profissionais do showbiz envolvidos. Era a primeira vez que a questão da miscigenação participava de uma história como essa. Um ator negro interpretando um solo, vários atores negros em figurinos belíssimos, a contemporaneidade do segundo ato, que se passa no mesmo período que sua estréia, em que o elenco usa as mesmas roupas do público, as músicas conhecidas... Florenze Ziegfield, o produtor mais importante da Broadway nunca havia tido um fracasso. E não teve. Na manhã seguinte à estréia, os jornais declaram o início de uma era para o musical americano. E estavam certos.

A versão de Hammerstein para Show Boat começa já na chegada do Barco em Lemoyne. No barco, há a inscrição: “1850-1887”. É um início grandioso com um grande elenco trabalhando nisso. Andy Haws (Charles Winninger) aparece e é saudado pela população local. Ele apresenta a peça teatral que estará em cartaz, anunciando seu elenco. Pete está entre as pessoas do povo. Ele e Steve Baker, ator da companhia e marido de Julie La Verne (Helen Morgan), a atriz protagonista, brigam. Hawks, hábil, informa que tudo aquilo faz parte do show, que também conta com Frank Schultz (sammy White) e Ellie May Chipley (Eva Puck). Andando por ali, Gaylord Ravenal (Howard Marsh) avista Magnólia Hawks (Norma Terris), filha do Capitão com sua esposa Parthy Ann Hawks (Edna May Oliver). Os dois se apaixonam. Anoitece e os negros cantam, liderados por Joe (Jules Bredsoe), um dos trabalhadores do Cotton Blossom, casado com Quennie (Tess Gardella), a cozinheira, Old Man River, sem dúvida, uma das canções mais bonitas que a Broadway já fez. Magnólia corre para contar a sua amiga Julie que está apaixonada. Julie canta Can’t help lovin’ dat man, uma canção somente cantada por negros.

No ensaio para apresentação, Steve bebe sangue de sua esposa após tê-la cortado com uma faca. A polícia chega e exige que os dois saiam de Lemoyne. Magnólia sofre muito com a partida da amiga.

Magnólia e Gaylord substituem Julie e Steve na peça para o desânimo de Frank e Ellie, os dois atores comediantes da companhia. Eles queriam muito ascender, mas não foi dessa vez.

Gaylord e Magnólia se aproximam. Parthy não aprova a união. Na noite de estréia, a casa está parcialmente vazia. Quennie ensina Hawks a convidar todos para a sua peça, inclusive os negros. Cotton Blossom lota para apresentação da peça “The Parson’s Bride”, um melodrama. O primeiro termina com o casamento de Gaylord e Magnólia, feito as escondidas de Parthy com a ajuda de Hawks.

O segundo ato começa com a visita de Parthy e Andy Hawks em Chicago onde Magnólia e Gaylord vivem de forma ostensiva, embora ninguém saiba no que Gaylord trabalha. Essa, no entanto, não é a realidade. Kim Hawks Ravenal nasce e o casal, que depende da sorte no jogo, fica pobre. Mudam-se para uma pensão e nem lá conseguem não fazer dívidas. Ellie e Frank aparecem um dia para visitar os colegas do Cotton Blossom. Nesse dia, chega uma carta de Gaylord para sua esposa. Ele assume que não foi um bom marido e nem será um bom pai. Vai até o convento onde Kim estuda e se despede da filha pedindo que ela nunca o esqueça. Ele abandona a família antes que as coisas piorem. Magnólia fica desesperada.

Com um bandolim, é levada para fazer um teste numa Casa de Espetáculos chamada Trocadero. Antes dela chegar, a estrela principal da casa estava cantando um número musical: Bill, uma da músicas mais conhecidas deste musical (Charles Harris), apesar de já existir antes dele. A estrela é Julie La Verne. Do camarim, ela escuta alguém cantar “Can’t help lovin’ dat man”, canção que ela cantava e que ensinou para Magnólia quando ainda estava no Show Boat. Magnólia canta a música lentamente tocando o seu bandolim. La Verne ouve e abandona o Trocadero deixando a vaga de protagonista livre (mais uma vez) para Magnólia. Frank sugere que a canção seja interpretada como um ragtime, gênero musical muito em moda no início do século XX.

Na passagem de 1926 e 1927, Magnólia Ravenal se apresenta publicamente pela primeira vez no Trocadero. Na festa, está o Capitão Andy Hawks com duas mulheres acompanhantes. Parthy está no hotel e ela não sabe que o marido está na festa. Frank e Ellie se apresentam e ele conta para o antigo diretor que sua filha irá se apresentar também. Hawks não sabia que Gaylord se fora. Magnólia aparece cantando “After the Ball”, uma canção bastante popular no início do século XX. A platéia vaia, mas o Capitão sobe e pede que a filha sorria como pediu para ela quando ela estreou como atriz no Show Boat. Ela sorri e se torna um sucesso.

Em 1927 (ano em que o musical estreou), Magnólia vai visitar o Cotton Blossom com sua filha Kim, já uma adolescente. Joe e Quennie cantam falando sobre seus resmungos como marido e mulher por anos, Kim ensina a avó Parthy, agora com roupas mais leves bem ao estilo da época, a dançar o ragtime. Todos dançam.

Ravenal aparece. Ele encontra-se com a esposa e a filha. O barco vai embora.

A Broadway produziu Show Boat em 1932, 1946, 1983 e 1994. A produção dirigida por Harold Prince, ganhou 2 indicações de Melhor Ator (Mark Jacoby/Gaylord e John McMartin/Andy Hawks, Melhor Atriz (Rebecca Luker/Magnólia) e 2 indicações de Melhor Ator Coadjuvante (Michel Bell/Joe e Joel Blum/Frank). Ganhou Melhor Coreografia, Melhor Figurino e Melhor Atriz Coadjuvante (Gretha Boston/Quennie), Melhor Direção e Melhor Remontagem.

O cinema: 

Show Boat ganhou três versões importantes para o cinema.

1929:

A versão dirigida por Harry Pollard, seu último filme, é uma versão parcialmente muda cuja trilha sonora se perdeu no tempo, mas foi reencontrada em vitaphone. Há, então, cenas mudas que utilizam os cartões e cenas faladas com diálogos normais. Há também um prólogo cantado pelos artistas da Broadway (Helen Morgan, Jules Bredsoe e Tess Gardella) em que aparece apenas um cartão com o desenho da peça, o barco Cottton Blossom.

Não é uma adaptação da peça de Hammerstein, mas uma adaptação da novela de Ferber. Assim, o filme começa com Magnólia ainda pequena. A mãe, Parthy Ann Hawks (Emily Fitzroy), foi construída como na novela também, isto é, severa, carrasca, quase má. Como no livro, o casal Hawks morre. E, discordando do livro e do musical, Ravenal (Joseph Schildkraut) não só não tem com Magnólia nunca mais, como morre sozinho em São Francisco, após, como platéia, a vê no palco. Magnólia (Laura La Plante), como na novela, termina em Cotton Blosson, dirigindo o barco após a morte da mãe.

No filme de 1929, não há qualquer menção entre o casamento interracial entre Julie Dozier (e não La Verne) e Steve. Julie aparece como uma atriz branca. A questão da música negra, “Can’t help lovin’ dat man”, no entanto, aparece quando Kim pede que sua mãe toque para ela sua música preferida. Magnólia toca “I’ve got shoes”, música negra, que faz com que os empregados do luxuoso hotel onde ela está hospedada, graças às vitórias de Ravenal no jogo, parem para ouvir. Julie, que, como no musical, não é próxima de Ellie, reaparece não como secretaria de Hetty Chilson, mas como a própria.

1936:

Carl Laemmle, diretor da Universal, não ficou satisfeito com a versão cinematografia de 1929 de Show Boat. A versão de 1936, então, é uma adaptação do musical da Broadway e, por isso, menos fiel à novela de Edna Ferber. Ainda hoje é considerado um dos grandes musicais da história do cinema.

Há poucas diferenças entre essa versão e o musical de 1927. Cotton Blossom teve seu nome substituído por Cotton Palace. Ravenal reaparece no final do filme na estréia de Kim como atriz na Broadway. Gayloard e Magnólia cantam sua canção e Kim revê o pai depois de tantos anos. Muitas músicas da versão teatral não entraram nessa versão cinematográfica. E há três músicas que foram compostas especialmente para ela: I have the room above her, Gallivantin’ around e Ah still suits me.

Duas passagens são marcantes: a abertura do filme é nada menos que esplêndida. E a cena de Old Man River, em que vemos Paul Robeson, é uma das mais belas cenas da história do cinema americano.

Hattie MacDaniel, a babá de Scarlett O’Hara, interpreta Queenie. Como ela, há muitos atores e atrizes em Show Boat que aparecem em ...E o vento levou.

1951:

Em pela era do technicolor, a MGM adapta mais uma vez o musical de Hammerstein para o cinema. Na versão dirigida por Geoge Sidney, quase todos os diálogos de Hammerstein foram reescritos. É a versão que distanciou mais das anteriores incluindo a novela de Ferber.

O personagem Julie La Verne (Ava Gardner) foi aumentado e o de Kim foi quase retirado, aparecendo apenas como uma garotinha. Também o Capitão Andy (Joe Brown) e Parthy (Agnes Moorehead) foram diminuídos enquanto Frank e Ellie (Gower e Marge Chapion) tiveram suas funções na história mais importantizadas, parecendo-se com Fred Astaire e Ginger Rogers. A cena de Old Man River, no entanto, continua sendo a mais famosa da versão. Quennie e Joe (Frances Williams e Willian Warfield) aparecem bem menos também que nas outras versões. “Can’t help lovin’ dat man”, cantada por Julie não tem a nenhuma identificação com black music. A versão de Ava Gardner é lenta e triste. Não há coro negro na versão de 1951, tida como glossy (muito colorida e pobre), e como um exemplo da estética pin-up.

Essa versão, no entanto, foi a única a receber indicações ao Oscar. Duas: Melhor fotografia e Melhor Adaptação de Musical em 1951.

Read More

Victor/Victoria




Victor ou Victoria (1982) é baseado em Viktor und Viktoria, um filme alemão de 1933, que foi dirigido por Reinhold Schünzel, marcando bem a passagem de duas épocas: o fim da República de Weimar para o início do Nazismo, e o cinema mudo para o cinema falado. A semelhança entre o remake de Black Edwards e o de Schünzel é incrível. Vamos, então, ver as mudanças.

Personagens: Os nomes foram substituídos. Victoria Grant (Julie Andrews) substituiu Suzanne Lohr (Renata Müller), Caroll Toddy Todd (Robert Preston) por Viktor Hempel (Hermann Thimig), King Marchand de Chicago (James Garner) por Anton Wallbrook de Londres (Adolf Wohlbrück);

Enredo: Todas as situações do filme de americano se encontram no filme alemão. Na versão de 1933, no entanto, há cenas da transformação de Suzanne em Viktoria. Ela aprende a ser homem: beber como homem, visitar salões de prostituição como homem, barbear-se como homem. O encontro entre os dois, no filme alemão, se dá quando Viktor não pode fazer o seu drag show porque está refriado, como também ela está. Não vi o filme alemão desde o início (não há registros no youtube), então, não sei se há, na versão alemã, a cena da barata.

Rick Thompson faz uma crítica severa à versão de 1982 quanto à musicalidade. Segundo o professor da La Trobe University, a versão original apresenta uma musicalidade que percorre todo o filme e não está apenas na execução das canções. Na versão com Julie Andrews, o musical está apenas no palco, quando a atriz e/ou Preston cantam seus números.

Em 1935, houve uma versão do filme de Schünzel nos Estados Unidos chamada “First a girl”, dirigida por Victor Saville. Elizabeth (Jessie Matthews) sonha em ser cantora mas ela é recusada nos testes em que participa. Num deles, encontra-se com Victor (Sonnie Hale), um ator shakespeareano, também uma vítima das audições. Inesperadamente, Victor ganha o papel de uma mulher num número de um musical, mas infelizmente perde a voz. Elizabeth o substitui com a promessa de tornar-se um homem fora do palco. Ela é notada por McLintock, um influente agente de talentos que a apresenta para Robert (Griffith Jones), um jovem bonito, comprometido com a Princesa Mironoff (Anna Lee). Os dois se apaixonam e, como nas outras versões, Robert descobre que Victória é mesmo uma mulher e não um homem que aparenta ser mulher.

Na versão de 1982, o diretor de Breakfast at Tiffany’s (1961) e A pantera cor de rosa (1963), além de diversos filmes sem sucesso com sua esposa Julie Andrews, Blake Edwards (1922) levou a história para Paris no ano de 1934, retirando a República de Weimar e o início do nazismo da história. O filme começa com Victoria Grant (Julie Andrews) fazendo uma audição, cantando Cherry Line, uma música que Andrews cantava quando tinha 12 anos e já se apresentava publicamente como cantora profissional. Duas informações são importantes nessa cena. Victória se apresenta como uma colatura soprano. Julie Andrews (Mary Poppins e The Sound of Music), de fato, conseguia deslizar por quatro oitavas sem escapar nenhuma nota, chegando a alcançar o dó maior e ir além, base para cantar, por exemplo, a Ária da Rainha da Noite de Mozart, na ópera A Flauta Mágica. A outra informação é que Grant não passa no teste apesar de cantar maravilhosamente bem. O motivo é que saber bem não basta. É preciso “às vezes” saber mal. Julie Andrews não fez o papel de sua vida, Eliza Doolittle, a protagonista de My Fair Lady, que ela fazia no teatro desde a estréia do musical, porque, embora cantasse bem, não tinha sex appeal. Audrey Hepburn, que tinha ganho o melhor cachê da história do cinema por seu papel em Bonequinha de Luxo, filme de Edwards, é quem fez a protagonista de My Fair Lady, sendo dublada em todas os números musicais. My Fair Lady e Mary Poppins concorreram ao Oscar no mesmo ano. Julie Andrews ganhou o Oscar de Melhor Atriz. Hepburn nem mesmo fora indicada.

Victória Grant está sendo despejada de seu quarto em uma pensão quando, sem nem mesmo suas malas, vai a um restaurante pobre munida de uma barata. Lá conhece Toddy, que a assistira no audição. Naquela manhã, Toddy havia sido roubado pelo seu “namorado”, um rapaz bem mais novo que ele. Os dois jantam e provocam uma confusão no restaurante após soltar uma barata viva pelo estabelecimento. É o primeiro “quebra-quebra” de muitos do filme. Sem o que vestir, na manhã seguinte, Grant veste as roupas deixadas pelo namorado de Toddy no apartamento dele. É quando Todd tem a idéia de tranformar Grant em Victor, uma mulher que faz de conta que é homem que faz de conta que é mulher. O show de estréia acontece e Victória é um sucesso, mostrando sempre, a cada show, ao tirar a peruca, que é, de fato, um homem. King Marchand, um gangster de Chicago, assiste ao show ao lado de sua namorada, Norma Cassady (Lesley Ann Warren), e seu guarda-costas, Squash Bernstein (Alex Karras). Marchand fica impressionado com Victória e o fato de ele ser homem o constrange. Os show se sucedem e Marchand fica, cada vez mais, interessado em Victoria. Hospedados todos no mesmo hotel, numa noite, Marchand se esconde no quarto que Victoria divide com Toddy e descobre a farsa. Enquanto isso, o dono do lugar onde Grant fizera a audição, que é também o lugar onde Toddy trabalhava antes de ser demitido, contrata um espião para investigar o motivo do sucesso do concorrente, Chez Lui que agora emprega o/a artista e seu agente. O detetive descobre a farsa também. Marchand e Victoria ficam juntos após ele mandar de volta para Chicago sua ex namorada, Cassady. Indignada, lá, ela conta para os gângsters que seu ex namorado, agora, é gay. Um deles, então, vai para Paris conferir de perto o que está acontecendo. Esse, agora, é o novo namorado de Cassady. O desfecho acontece com a visita da polícia ao camarim de Victória minutos antes dela entrar no palco como Victor. Toddy veste sua roupa e apresenta o número Lady from Seville. Victoria Grant está, nesse momento, ao lado de Marchand, abandonando a carreira de homem e assumindo-se como mulher, o que já tinha feito anteriormente para Cassady e seu novo namorado. Toddy é um sucesso como Victor/Victória.

Ganhou três Oscar: Melhor Canção, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado. Foi também indicado para: Melhor Ator Coadjuvante (Robert Preston), Melhor Atriz (Julie Andrews), Melhor Atriz Coadjuvante (Lesley Ann Warren), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.

O musical, que teve músicas de Henri Mancini (autor de Moon River), ganhou uma versão para a Broadway em 1995, um ano após a sua morte. Com coregrafias de Bob Marshall (Chicago e Nine), o espetáculo, fiel à versão cinematográfica, fez 734 apresentações na Broadway, tendo Julie Andrews como a estrela principal. Em 1996, quando foi divulgado que Victor/Victória só havia ganho uma única indicação ao Tony Award, Julie Andrews recusou-se a receber a honra alegando que ela não seria quem é sem a maravilhosa equipe que a acompanhava nesse musical.

Nas férias de 1997, Liza Minelli substituiu Andrews, mas, nesse período, embora alegasse problemas nos joelhos, teve que ser internada por problemas relacionados ao álcool e às drogas. No fim desse ano, Dame Julie Andrews teve um sério problema de cordas vocais. Na cirurgia, houve um erro médico e foi, por isso, proibida de cantar para sempre. Hoje, a atriz continua cantando, aventurando-se apenas em tons baixos.

Em agosto de 2001, houve a estréia da versão brasileira do musical estrelada por Marília Pêra, Léo Jayme (Toddy), Daniel Boaventura (King Marchan) e Drica Moraes (Cassady), direção de Claudio Botelho e produção de Jorge Takla. A produção custou 1 milhão de reais.

Read More

Chicago



Com músicas de John Kander, letras de Fred Ebb (com Kander, Cabaret, 1966) e roteiro e coreografias de Bob Fosse (The Pajama Game, 1954; Sweet Charity, 1966), Chicago estreou em 03 de junho de 1975 e fez 936 performances na primeira temporada na Broadway. É baseado na peça também intitulada Chicago, escrita pela jornalista Maurine Dallas Watkins em 1926. A peça de Watkins é baseada na história verídica de Beulah Annan e Belva Gaertner, duas mulheres que ganharam fama após terem sido acusadas e, posteriormente, absolvidas de assassinato na Chicago da década de 1920. Como jornalista, Watkins acompanhou de perto o caso de ambas.

A primeira adaptação cinematográfica da peça de Watkins ocorreu ainda na era muda do cinema, no ano de 1927, e foi produzida por Cecil B. DeMille. A segunda adaptação recebeu o título de “Roxie Hart” e foi dirigida por William A. Wellman, em 1942. O papel-título foi interpretado por Ginger Rogers e o roteiro desta adaptação teve de ser alterado para que o filme se readequasse à censura da época. A remontagem da peça na Broadway, que estreou em 1996, é a remontagem que está há mais tempo em cartaz, sendo o sétimo colocado no raking.

Chicago também possui algumas fortes semelhanças, quanto ao seu estilo, a Cabaret, outra peça musical escrita por Ebb, originalmente produzida em 1966, e que, mais tarde, no ano de1972, foi adaptada para o cinema por Fosse. Chicago seria adaptado para o cinema por Fosse, que, além de escrever, também coreografou e dirigiu a peça musical de 1975. Bob Fosse, no entanto, veio a falecer em 1987. O filme, lançado em 2002, é dedicado a ele. As referências feitas ao trabalho de Fosse em Cabaret são variadas e extensas.

Na primeira montagem, Chita Rivera e a esposa de Fosse, Gwen Verdon interpretaram os papéis Velma Kelly e Roxie Hart. A forma brechtiniana de fazer um musical causou desconforto no público da época, dizendo que o assunto da história, a partir da quebra da quarta parede, era realmente sobre o mundo em que nós vivemos, a glamurização dos crimes e, em paralelo, com a sociedade comete crimes com as celebridades.

A música final era “Loopin the Loop” que foi substituída por “Nowadays”. Havia também, até os ensaios finais, um outro personagem, “The Agent”, que desapareceu na versão final sendo suas falas incorporadas por Mamma Morton. A canção: "Every guy is a snot/Every girl is a twat", que participa do filme, foi censurada por Fosse que a achava muito ofensiva. Chicago teve o azar de estrear no mesmo que A Chorus Line, que o tirou da lista dos ingressos mais vendidos e da entrega dos Tony Awards.

Chicago teve 11 indicações ao Tony de 1976: Melhor Atriz (Verdon e Rivera), Ator (Jerry Orbach/Amos Hart), Melhor Roteiro, Coreografia, Figurino, Iluminação, Cenário, Trilha Sonora, Direção e Melhor Musical. Não ganhou em nenhuma das categorias.

Nessa primeira temporada, Gwen Verdon inalou uma pena advinda dos figurinos, o que resultou numa infecção na garganta. A peça só não saiu de cartaz porque Liza Minnelli se ofereceu para substituí-la até que ela ficasse recuperada.

Na remontagem, Chicago concorreu em sete categorias, ganhando seis troféus Tony 1997: Melhor Ator (James Naughton), Melhor Atriz (Bebe Neuwirth), Melhor Coreografia, Iluminação, Direção e Melhor Remontagem. Só não ganhou na categoria Melhor Atriz Coadjuvante (Marcia Lewis).

No Brasil, Chicago estreeou em 2004, tendo Danielle Winits (Velma Kelly) e Adriana Garambone (Roxie Hart) nos papéis principais, e Daniel Boaventura (Billy Flynn), Selma Reis (Mamma Morton) e Jonathas Joba (Amos Hart) nos papéis coadjuvantes. A direção foi de Scott Faris e a produção custou US$ 2 milhões. Cumpriu 8 meses de temporada.

Quanto ao enredo, Velma Kelly e Roxie Hart são as assassinas. Velma é uma estrela de vaudeville cujo status de celebridade apenas aumenta após assassinar à sangue frio o marido adúltero e a irmã Veronica - a amante dele. Roxie é uma dona-de-casa que sonha em se tornar uma cantora famosa. Quando assassina seu amante Fred, que a enganou para poder manter relações sexuais com ela, é mandada para a penitenciária feminina onde conhece Velma.

Roxie percebe que tem boas chances de ser condenada à pena capital. Então, por sugestão de "Mama" Morton, a supervisora da penitenciária, manda seu marido Amos, - que apesar de tudo ainda a ama -, contratar Billy Flynn, o melhor e mais famoso advogado de defesa de Chicago. Flynn promete a Roxie que fará dela uma celebridade e, assim sendo, ela será absolvida por um júri formado de pessoas que, assim como toda a cidade, a amará. Flynn manipula a imprensa e o público para que possam crer que Roxie está na cadeia por razões erradas e, assim sendo, o público passa a idolatrar Roxie e a acreditar que ela é uma garota boa que está mais do que arrependida com o que cometeu. Enquanto isso, Velma começa a ser esquecida por ambos, imprensa e público, o que a faz detestar Roxie. No entanto, Roxie também tem seu status de fama ameaçado quando uma nova assassina, uma herdeira chamada Kitty, que matou o marido e as duas amantes dele, entra em cena. Percebendo que seu status de celebridade estaria perdido ao menos que fizesse algo dramático para chamar a atenção da mídia, Roxie forja uma gravidez.

O promotor, que tem ambições de seguir a carreira política, promete que vai mandar Roxie para a forca, mas ela está munida de várias histórias falsas e da idolatria do público. Tudo corre bem, até que Velma é chamada para depor portando o diário de Roxie. Velma, cujo julgamento foi adiado indefinidamente, fez um acordo com a promotoria e consegue se safar de suas acusações. Numa jogada rápida, Flynn consegue convencer o júri da suposta inocência de Roxie. Mais tarde, Flynn revela à Roxie que precisou incriminá-la dando o diário dela à Velma, que também é sua cliente. Com o fim do julgamento, a fama de Roxie desaparece rapidamente, o que parece inexplicável para ela.

Sem sucesso, Roxie tenta uma carreira de cantora em vários bares locais. Em um deles, encontra Velma, que está disposta a dividir o palco com ela. Primeiramente, Roxie nega a oportunidade dizendo que não pode dividir o palco com uma pessoa que odeia, mas percebe que esta é sua única chance de readquirir seu status de celebridade. As duas acabam por fazer enorme sucesso.

O filme (2002) foi estrelado por Renée Zellweger (Roxie Hart), Catherine Zeta-Jones (Velma Kelly), Richard Gere (Billy Flinn), John C. Reilly (Amos Hart) e Queen Latifah (Mama Morton). Cursou US$ 45 milhões e arrecadou mais de US$ 300 milhões, sendo o segundo musical com maior bilheteria de todos os tempos depois de Grease (1978) no ano de seu lançamento. Foi dirigido por Bob Marshall, sendo esse o seu terceiro filme. Para a TV, dirigiu Cinderella (Oscar Hammerstein e Richard Rogers) em 1997.

Foi indicado ao Oscar 2003 nas seguintes categorias: Melhor Atriz (Renée Zellwegar), Melhor Ator Coadjuvante (John C. Reilly), Melhor Roteiro Adaptado, Fotografia, Canção Original (“I Move On”) e Melhor Direção. Ganhou 6 Oscar: Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Melhor Edição, Direção de Arte, Figurino, Mixagem de Som e Melhor Filme. Foi o primeiro musical a receber o prêmio desde Oliver! (1968).

Para baixar o filme: http://cine-anarquia.blogspot.com/2009/12/pedido-chicago-chicago-2002-dvdrip.html



Read More

A little night music




A Little Night Music: Música da noite pequena, de uma noite de verão, que é curta.

Musical de 1973 de Stephen Sondheim (1930), que fez as letras de West Side Story (1957) e as músicas de Company (1970), foi adaptado para o cinema em 1977 tendo como diretor Harold Prince que também dirigiu a peça. O título vem da música Eine kleine Nachtmusik, de Mozart e é inspirado no filme sueco de 1955 "Sorrisos de uma noite de amor" de Ingmar Bergman.

Começa com o elenco cantando trechos das músicas e com a chegada de Madame Arnfeldt com sua neta Fredrika. A madame ensina a neta que uma noite de verão ri três vezes: quando jovem, quando faz tolices e quando é velha. A neta promete prestar a atenção nisso. A história se passa na Suécia.

Somos apresentados ao advogado Fredrik Egerman recém casado com Anne que tem só 18 anos. Ela ama muito ele, mas é muito nova para entender o casamento que já dura 11 meses. Ela ainda está virgem. Fredrik tem um filho de 19 anos chamado Hedrik que é seminarista e que é bastante pessimista, o que Anne simplesmente não consegue entender. Anne promete finalmente transar com o marido em breve a conselho de Petra, a governanta.

Uma nova personagem surge: Desiree Armfeld, dona da casa de campo e mãe de Fredrika. Desiree é atriz e por isso sua filha mora com a avó. Fredrika sente falta da mãe, mas Desiree prefere a vida cheia de glamour. Desiree está apresentando uma peça perto da casa de Fredrik. O advogado leva Anne para ver a peça. Desiree e Fredrik foram amantes no passado e Anne percebe a troca de olhares entre os dois. Fingindo dor de cabeça, faz com que o marido a leve para casa. Lá encontram Pedra seduzindo Hendrik.

Lembranças de Desiree no passado surgem na cabeça de Fredrik nessa noite. Ele sai de casa para vê-la. O advogado tenta explicar pra antiga amante que ama a sua esposa embora esteja sem sexo há 11 meses. Desiree, então, diz que não custa fazer um favor ao velho amigo...

A cena muda para Madame Armfeld dando conselhos para sua neta Fredrika.

De volta ao apartamento de Desiree, o Conde Malcoln, amante atual de Desiree, aparece. Ela tenta dizer que o encontro é inocente, mas o conde não acredita e volta para sua casa, para sua esposa Charlotte, que é colega de Anne, esposa do advogado. Charlotte finge não dar atenção às traições do marido, mas pensa numa vingança.

Charlote vai visitar Anne e conta pra ela sobre Fredrik e Desiree. Anne fica aterrorisada e Charlotte diz que uma esposa deve estar preparada para isso, que isso é normal, que todos dias se morre um pouco, embora nem ela, no fundo, goste disso.

Desiree convence sua mãe a dar uma festa na casa de campo convidando Frendrik, Anne e Henrik. Anne aceita por estímulo de Charlotte que propõe que a jovem mostre para a amante velha o quanto ser jovem é superior. Enquanto isso, o Conde Malcoln planeja levar sua esposa Charlotte à festa também mesmo o casal não tendo sido convidado. A festa acontece no dia do aniversário de Charlotte.

O Conde quer chamar Fredrik para um duelo e Charlote quer seduzir o advogado para punir seu marido. O primeiro ato termina quando a festa começa.

O segundo ato começa com o dourado entardecer e os convidados chegando com seus desejos amorosos. Até Petra vem olhando interessada para Frid, o mordomo da Madame Arnfeldt. Os personagens se relacionam... Fredrik fica assustado com o nome da filha de Desiree (Fredrika). Henrik confessa para Fredrika que é apaixonado por Anne. Fredrik e Conde concluem que é muito difícil ficar entediado perto de Desiree.

No jantar, Desiree e Anne se ofendem e todos começam a brigar, com exceção de Charlotte, que flerta com Fredrik, e Hendrik que sai da mesa horrorizado. Fredrika conta para Anne sobre o amor de Hendrik e as duas saem e procura do seminarista. Desiree pergunta para Fredrik se ele não quer que ser salvo de sua própria vida. O advogado responde que ainda ama Desiree, mas ele pra ela é um sonho. Ela canta a música mais linda da peça "Send in the clowns" (Mande os palhaços entrarem).

Anne encontra Hendrik tentando cometer suicídio. Diz a ele que também o ama e os dois ficam juntos. Anne perde a virgindade. Enquanto isso, Frid e Petra também estão juntos e a empregada canta que sua liberdade está ameaçada... Fredrik descobre sobre Hendrik e Anne e que eles querem ficar juntos. O advogado não se opõe. Charlotte conta para o advogado seu plano de deixar ciumento seu marido. Ela e o advogado conversam sob uma árvore. O Conde, que está com Desiree, vê sua esposa e propõe roleta russa com o advogado. Ele aceita e, com um tiro, tem sua orelha arranhada. Vitorioso, o Conde vai embora com Charlotte a quem propõe fidelidade.

Com a casa vazia, Madame Arnfeld e sua neta Fredrika conversam sobre o amor.

Fredrik e Desiree resolvem começar tudo de novo e ficam juntos.

No fim, Madame Arnfeld e sua neta estão sozinhas e Fridrika diz que não viu a noite sorrir, mesmo tendo observado com atenção. A avó sorri e diz que a noite sorriu duas vezes: quando jovem (Anne e Hendrik) e quando fazendo tolices (Desiree e Fridrik). É preciso esperar para ver a noite sorrir quando velha. Então, sorrindo, Madame Arnfeld morre em paz.

Ganhou 6 Tony em 1973 (Melhor Musical, Book, Original Score, Atriz - Glynis Johns/Desirré, Featured Actress - Patricia Elliott e  Figurino). Foi também indicado para Melhor Ator - Len Cariou, Featured Actor Laurence Guittard/Malcoln, Featured Actress - Herminone Gingold (Madame Armfeld), Scenic Design e Direção.)

Judi Dench ganhou o único Tony Award na montagem de 1995, interpretando Desirré.

A versão cinematográfica não obteve sucesso.  Mas ganhou Oscar de Melhor Trilha Sonora e foi indicada a Melhor Figurino em 1977. Elizabeth Taylor, Desirré, foi criticada duramente pelo seu excesso de peso.

Para assistir no youtube a peça inteira, comece por esse link: http://www.youtube.com/watch?v=SK8U3qEoazk&feature=related





Read More

Moulin Rouge - Amor em Vermelho



Produzido em 2001, o filme dirigido por Baz Luhrmann, é uma adaptação de La bohème, de Giacomo Puccini; La traviata de Giuseppe Verdi, e Orphée aux enfers de Jacques Offenbach (esta inspirada no mito grego antigo de Orfeu e Eurídice). Ganhou Oscar de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte, concorrendo também nas seguintes categorias: Melhor Atriz (Nicole Kidman), Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som, Melhor Maquiagem e Melhor Filme. Levou dois anos para ser filmado e teve suas filmagens interrompidas por duas semanas devido a fratura da costela de Kidmann durante a gravação de uma cena de dança e, também, o rompimento do menisco que obrigou a atriz a tomar analgésico até o fim das filmagens. Foi o primeiro musical a ser indicado ao Oscar depois de 23 anos. O último tinha sido All that jazz em 1979.

Trata-se da história de um jovem escritor inglês, Christian (Ewan McGregor) que vem a Paris a fim de descobrir a vida e o amor e, assim poder escrever seu primeiro livro. Em 1899, num estúdio em Montmartre, onde se estabelece, tem o seu teto invadido por um grupo de atores que ensaia uma peça de teatro. No incidente, morre o dramaturgo e Christian resolve candidatar-se ao posto. Na noite em que conhece o diretor do já famoso Cabaret Moulin Rouge, Harold Zidler (Jim Broadbent), conhece também Satine (Nicole Kidman), a estrela da Casa, por quem se apaixona. Nessa noite, Zidler havia planejado apresentar sua estrela ao Duke (Richard Roxburgh) para que ela ajudasse o Moulin Rouge a se tornar um teatro e conseguir o respeito público que lhe faltava na capital francesa. Numa pequena confusão, Satine pensa ser Christian o Duke. Em função disso, o jovem escritor é levado ao Elefante, lugar onde fica o quarto de Satine. Ela e ele se apaixonam um pelo outro, pouco antes de Satine descobrir que houve um engano. Duke e Zidler chegam ao quarto e, com a ajuda dos atores, grupo em que se inclui o pintor Toulouse-Lautrec (John  Leguizamo), convencem o Duke a produzir a transformação do Moulin Rouge e a realização de um espetáculo em que uma jovem deverá escolher entre seu amor por um homem pobre e a segurança advinda de um relacionamento com o sultão que a quer. Quando todos saem, Satine e Christian se vêem apaixonados e, na sequência do filme, o amor só aumenta. The Duke, então, começa a desconfiar do relacionamento entre Satine e o novo dramaturgo e requer, com cada vez mais força, a presença da estrela em reuniões particulares sobre a peça teatral. Descobre-se, então, que Satine tem tuberculose e, por isso, seus dias estão contados. Entre Moulin Rouge e seu amor por Christian, ela escolhe o Sultão, fim determinado por Duke para a peça que ele produz. Na estréia do espetáculo, Christian aparece no Teatro e, nessa noite, ele descobre que Satine está morrendo, fato esse que apenas os médicos, Satine e Zidler sabiam. Os dois cantam a sua canção para o horror de Duke que tem, com isso, a prova de que Satine nunca foi sua. Satine tem uma convulsão e desmaia. Duke vai embora. Passa-se um ano desde a morte de Satine e Christian resolve, então, contar a história do encontro entre os dois no Moulin Rouge.

O filme, que tem 127 minutos, impressiona o espectador visual e sonoramente. As cores são muito intensas e o vermelho está em todos os planos. Os cortes são bastante rápidos, fazendo com o ritmo do filme deixe o espectador sem tempo para respirar. Quanto ao som, Moulin Rouge – Amor em vermelho leva o gênero musical para adiante. Como acontecia no século XIX, Moulin Rouge constrói-se a partir de uma união de músicas já conhecidas do público, o que provoca uma rápida identificação. A estética pop das escolhas musicais casa com o ritmo de videoclip da edição. O clima contemporâneo de amor fulgaz é coerente com o jeito como o amor é visto num lugar como um cabaret.

Moulin-Rouge – Amor em vemelho ainda não teve sua versão teatral. Mas, no cinema, já foi realizado anteriormente pelos seguintes diretores:


1928 – Ewald Andre Dupont
1934 – Sidney Lanfield
1940 – Andre Hugon e Yves Mirande
1952 – John Houston (Oscar de Melhor Figurino e Direção de Arte) – Adaptação do livro de Pierre La Mure, nessa versão, há o amor entre um pintor (Lautrec) e uma prostituta do Moulin Rouge, Marie Charlet.


Ficha Técnica:
Título Original: Moulin Rouge
Gênero: Musical
Duração: 02h06min
Ano de Lançamento: 2001
Site Oficial: http://www.moulinrougemovie.com/
Estúdio: Bazmark Films
Distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: Baz Luhrmann
Roteiro:Baz Luhrmann e Craig Pearce
Produção:Fred Baron, Martin Brown e Baz Luhrmann
Música:Craig Armstrong e Marius De Vries
Fotografia:Donald McAlpine
Edição:Jil Bilcock
Efeitos Especiais:Animal Logic

Elenco:
Ewan McGregor (Christian)
Nicole Kidman (Satine)
John Leguizamo (Henri de Toulouse-Lautrec)
Jim Broadbent (Zidler)
Christine Anu (Arabia)
Richard Roxburgh (Duque de Monroth)
David Wenham (Audrey)
Garry McDonald
Jacek Koman
Caroline O'Connor
Natalie Jackson Mendoza
Kylie Minogue

Download: http://cine-anarquia.blogspot.com/2009/06/pedido-moulin-rouge-amor-em-vermelho.html



Read More
 

©2009The Musical | by TNB