Wicked



“Wicked” é um musical cujas músicas e letras foram compostas por Stephen Schawtz (Godspel, 1971; Pipppin, 1972; O corcunda de Notre Dame, 1996) e roteiro de Winnie Holzman. É baseada na novela “Wicked: the life and times of the Wicked Witch of the West”, escrita por Gregory Maguire. É uma história que fica em paralelo à série “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum, publicada entre 1900 e 1901, e vários outros livros que foram lançados na sequência. O musical estreou em 2003. É produzido pela Universal e dirigido por Joe Mantello. Na temporada de estréia, Idina Menzel (Rent, 1996; Hair, 2001) fazia Ephalba, Kristin Chenoweth fazia Glinda e Joel Grey fazia o Mágico. Em 2004, ganhou dez indicações ao Tony, ganhando os troféus de Melhor Atriz (Menzel), Melhor Cenário e Melhor Figurino.
Wicked conta a história de Elphaba, a futura Bruxa Má do Oeste, e sua amizade com Galinda, depois Glinda, a Bruxa Boa do Norte. O relacionamento entre as duas acaba por suas personalidades serem opostas, com diferentes pontos de vista sobre as situações, o mesmo Love-affair, e as diversas reações ao governo corrupto do Mágico. Assim, a história começa antes da chegada de Dorothy em Oz, vinda de Kansas.
Começa com os cidadãos de Oz comemorando a morte da Bruxa Má do  Leste. É quando Glinda desce do céu e começa a contar a história da bruxa, cujo nome é Elphaba. Glinda conta que ela teve uma infância muito difícil sempre sofrendo discriminação pelos cidadãos por causa da cor de sua pele (verde) e também pelo tratamento que ela recebeu do pai, o viúvo Frex, que considerava ela um problema em função das coisas estranhas que aconteciam quando ela estava próximo. A mãe de Elphaba, Melena, deu a luz a outra menina chamada Nessarose, que não podia caminhar, mas que era adorada pelo pai Frex. Quando chegou o tempo, Nessarose foi mandada para a Universidade com Elphaba, sendo que a segunda só estava lá para empurrar a cadeira de rodas da primeira. Na formatura de Nessarosa, a irmã de Elphaba ganhou de Frex um par de sapatos feito de jóias.
Galinda e Elphaba se encontraram na Universidade de Shiz. Galinda oferece-se para dividir o seu quarto com Elphaba, já que Nessarosa tinha o seu. As duas vivem normalmente. Morrible, a dona do lugar onde elas vivem, nota os poderes de Elphaba e pensa ser isso útil para o Mágico de Oz. Então, a anfitriã começa a dar aulas particulares para a hóspede verde. Elphaba pensa que pode ser uma celebridade em Oz se ajudar o Mágico. Galinda e Elphaba brigam por essas idéias.
Doutor Dillamond é um bode que ensina História na Universidade e está perdendo a capacidade de falar. Ele não consegue pronunciar Galinda e diz Glinda. Elphaba promete ajudar o professor. Há outros animais perdendo a capacidade de falar em Oz.
Fiyero, o príncipe de Vinkus, aparece. Ele e Galinda se apaixonam no baile Ozdust. Antes do baile, Galinda ganha de sua mãe um chapéu de bruxa (preto e pontudo) que ela acha feio. Como um presente, ela dá a Elphaba.
Doq é um jovem de Muchkin que é apaixonado por Galinda sem que ela o retribua. Galinda o engana convidando o garoto para ir ao baile onde ele acaba beijando Nessarose que se apaixona pelo jovem. Nessarose fica feliz e grata à Galinda pela chance de viver o amor. Boq diz que se sentiu atraído por Nessarose porque ela é bonita não por pena. No baile, Galinda se encontra com Morrible que tenta convencê-la a praticar aulas de magia também. É quando Galinda fica com remorso por ter tratado mal a amiga (Elphaba) que lhe faz bem, torce por ela. Elphaba, então, chega usando o chapéu dado por Galinda. E todos a ridicularizam.
Em casa, Elphaba conta a Galinda que Frex obrigou sua mãe a comer flores de milho para que Nessarose não nascesse verde como a irmã. O resultado foi que Nessarose nasceu mais cedo do que deveria e a mãe, Melena, morreu.
Um novo professor de história chega à Universidade em substituição a Dillamond. Ele traz um leão medroso enjaulado. Ephalba e Fiyero soltam o leão secretamente. É quando fica-se sabendo que Elphaba está, como Galinda, apaixonada pelo príncipe. Morrible, que tem o poder de mudar o clima, aparece e diz que Elphaba está sendo esperada pelo Mágico.
A cena seguinte acontece na estação que leva para a Cidade das Esmeraldas onde Elphaba está partindo. Nessarose diz que o pai de ambas, Frex, ficará muito orgulhoso da filha. Na estação, também está Boq que cuidará de Nessarose na ausência de Elphaba. Fiyero aparece com flores para Elphaba e lhe deseja sorte. Para impressionar o príncipe, Galinda diz que, em homenagem ao Doutor Dillamond, seu nome agora será apenas Glinda. Elphaba parte, mas antes convida Glinda para ir com ela. Glinda aceita e vai com a amiga.
Depois de um dia na Cidade das Esmeraldas, as duas amigas encontram o Mágico de Oz. Ele convida Elphaba a ser sua assistente pessoal, mas antes pede que, como teste, faça com que seu servo Chistery, um macaco, consiga voar. Para isso, ela deverá usar o Grimmerie, um livro de magia muito antigo. Elphaba facilmente consegue dar asas ao macaco e o Mágico lhe mostra uma jaula cheia de macacos voadores que, então, serão espiões das atividades dos animais. Fora as palavras de Elphaba que transformaram todos macacos em seres voadores quando ela pensou fazer a magia com apenas um. Então, ela percebe que fora usada pelo Mágico que, na verdade, não é um mágico. Ela, então, foge do palácio levando consigo o livro de magia e é perseguida pelo guardas do castelo. Elphaba e Glinda fogem para a torre mais alta do castelo. Lá elas encontram Morrible, a secretária do Mágico, que declara ser Elphaba uma Bruxa Má (Wicked Witch) e que não deve receber confiança. No topo da torre, Elphaba encanta uma vassoura e convence Glinda a se juntar a ela em sua causa, mas Glinda se nega a ir com a amiga. Elphaba desaparece deixando para trás sua única amiga prometendo lutar contra o Mágico.
O segundo ato começa quando, em Oz, um tempo já teve passado e Elphaba já é conhecida como a Bruxa Má do Oeste. Morrible e Glinda terão uma agenda com o Mágico para anunciar o casamento dela com Fiyero e para lembrar como Glinda recebera o título de “Glinda, a boa”. Ela agradece o título, mas diz que não se sente digno dele.
Ao mesmo tempo, Elphaba chega na casa do governo de Munchkinland para pedir ajuda a Frex. Quem governa agora Munchkin é Nessarose que conta a irmã que o pai das duas morrera de vergonha pelas ações de Elphaba na Cidade das Esmeraldas. Nessarose se recusa a ajudar Elphaba até porque ela nunca usou de magia para ajudá-la a andar. Elphaba então encanta os sapatos de jóias da irmã fazendo com eles fiquem vermelhos rubi e possam andar. Boq aparece me vê que sua esposa já pode andar e não precisará mais dele... Ele avisa que um baile acontecerá: o casamento de Glinda e de Fiyero. Irritada, Nessarose murmura uma palavra do livro Grimmarie causando um infarto no marido. Enquanto Elphaba ajuda Doq, Nessarose reflete como ela e o marido oprimiram o povo de Munchkin (A Bruxa Má do Leste). Elphaba salva Boq e Nessarose culpa a irmã pelo que quase aconteceu.
Sem ter conseguido abrigo, Elphaba vai até o palácio do Mágico de Oz para libertar os macacos com asas em troca do seu perdão. Ao descobrir que entre os macacos está o Doutor Dillamond, agora incapaz de falar, Elphaba desiste de ajudá-los e vai até Fiyero, agora capitão da guarda. Glinda aparece e vê Elphaba e Fiyero. O Mágico aparece e oferece a ela uma taça de bebida, o que ela nega. Glinda está furiosa com Elphaba, então, pede que Madame Morrible espalhe a notícia de que Nessarose está em perigo.  Morrible concorda e propõe também um ciclone para colocar Nessarose, de fato, em perigo.
Numa floresta escura, Fiyero e Elphaba trocam juras de amor mas são interrompidos pela sensação de que sua irmã está em perigo. Ambos vêem um casa voando pelos ares em direção à Munchkinland. Elphaba corre, mas chega tarde. A casa de Dorothy caíra sobre Nessarose matando-a. Glinda aparece e diz a Dorothy que ela deve procurar o Mágico de Oz trilhando o caminho dos tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas. Glinda dá à Dorothy os sapatos encantados de Nessarose. Os guardas aparecem e Fiyero deixa com que Elphaba escape. Por isso, ele é aprisionado e torturado até que diga onde a bruxa verde se esconde. No castelo de Fiyero, Elphaba pensa em salvar o protetor, mas, também, começa a aceitar a reputação de má que ela tem.
Boq aparece e organiza com os cidadãos de Oz uma Caça às Bruxas seguindo atrás de Dorothy e seu cachorrinho Totó. Vendo o movimento crescer, Glinda percebe que Madame MOrrible está por trás da morte de Nessarose. Vai, então, até o castelo de Fiyero e pede que Elphaba deixe com que Dorothy parta, afinal, são só sapatos! Elphalba se nega a deixa a garotinha partir. Uma carta do Mágico chega e Elphaba faz Glinda prometer que seu nome não será conhecido. Dá a ela o Grimmerie e as duas juram sua amizade mútua. O grupo (Dorothy e seus amigos) chega ao castelo e Elphaba pede que Glinda se esconda. Glinda, sem poder ajudá-la, vê Dorothy jogar água e aparentemente derreter Elphaba, da qual só sobrou um líquido verde e seu chapéu pontiagudo.
Glinda aparece no castelo do Mágico de Oz e mostra a ele o líquido verde dizendo que só viu um liquido assim na casa do Mágico. É quando é revelado que o Mágico, na verdade, é o pai verdadeiro de Elphaba. Ele e Melena tiveram um relacionamento do passado do qual Elphaba é a filha.
Glinda pede que o Mágico deixe Oz e mande prender Madame Morrible, retornando a cena inicial da peça. Glinda se dirige aos cidadãos de Oz dizendo que o governo será reformado. O Espantalho, amigo de Dorothy, vai secretamente no palácio e descobre que Elphaba está, na verdade, viva. Descobre-se que o Espantalho é Fiyero e que ele foi assim transformado por Elphaba para salvá-lo. Elphaba e o Espantalho vão embora de Oz sem que seu segredo seja revelado.

Há rumores da versão cinematográfica, mas ainda nada foi confirmado.

 



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O Mágico de Oz

“The Wonderful Wizard of Oz” foi, antes de se tornar um musical, um livro infantil escrito pelo americano L. Frank Baum (1856-1919). Tanto sucesso fez no ano de seu lançamento e nos seguintes que resultou em mais treze livros, esses escritos até 1909. Dedicado à senhora Baum, esposa do autor, hoje, e desde 1956, os livros são de domínio público.

Dorothy, a protagonista, é uma garota que vive uma fazenda em Kansas com seu tio Henry e sua tia Em. Seu único amigo é o cachorrinho Totó que, um dia, fugiu para fazenda da Senhora (Elmira) Gultch que, irritada, procura seus vizinhos a fim de exigir que o cachorro seja entregue à municipalidade uma vez que, segundo ela, a dona não sabe cuidar dele. O cachorro é levado, então, pela malvada vizinha, mas foge e volta para casa. Ao revê-lo, a triste Dorothy decide fugir de casa e, no caminho, encontra um mágico que lê a sua sorte. Na bola de cristal, o mágico vê a tristeza de seus tios que sofrem com a partida da sobrinha. Uma tempestade começa e a garota volta para casa arrependida de ter partido. Um furação se aproxima e todos se escondem. Dorothy entra em casa no momento em que ela é fisgada pelo tufão. Quando a casa volta ao chão, Dorothy descobre o prédio caiu sobre uma bruxa terrível, matando-a. O feito libertou o Reino dos Munchkins, homens baixinhos que viviam sob o domínio da Bruxa Má do Leste, graças à Dorothy, agora morta. A Bruxa Boa do Sul aparece e Dorothy é consagrada heroína da terra dos Munchkins, mas tudo o que ela quer é voltar para casa. A Bruxa Boa do Sul dá a Dorothy, então, os sapatos prateados da Bruxa Má do Leste e diz à garota que ela deve seguir a estrada de tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas onde encontrará o Mágico de Oz que poderá ajudá-la.

No caminho, ela encontra um espantalho que não consegue espantar nenhum corvo. O espantalho, que pode falar para a surpresa de Dorothy, confessa que gostaria muito de ter um cérebro capaz de produzir bons pensamentos. Dorothy o liberta da estaca que o prendia e o convida para ir com ela até o Mágico de Oz.

Outro personagem aparece: um homem todo de lata. Ele era um lenhador que foi enfeitiçado por uma bruxa e, por isso, perdia partes do corpo em acidentes de trabalho. As partes foram sendo substituídas por lata por um amigo do lenhador. Um dia, ele enferrujou por inteiro. E, tudo o que ele queria, era um coração para si. Dorothy convida o Homem de Lata para ir com ela, Totó e o Espantalho até a Cidade das Esmeraldas e o convite é aceito.

Os quatro encontram, ainda, outro personagem. Um leão tenta assustá-los, mas Dorothy descobre que o mais assustado é ele que sofre com sua falta de coragem. Dorothy convida ele para ir também falar com o Mágico de Oz que irá ajudá-los. Todos seguem cheios de esperança à Cidada das Esmeraldas.

Lá encontram o Mágico de Oz que, a cada um, se apresenta de forma diferente. A Dorothy, o Mágico aparece como uma grande cabeça falante. Ao Espantalho, como uma linda mulher. Ao Homem de Lata, como uma fera. Ao Leão, como uma bola de fogo. O Mágico concorda em ajudá-los, mas com a condição de que eles exterminem a Bruxa Má do Oeste, que se apoderou do País dos Winkies. Antes, a Bruxa os havia feito dormir um campo de papoulas.

Tão logo o grupo entra no País dos Winkis, a Bruxa Má do Oeste manda lobos, abelhas e outros animais para destruí-los, além de seus soldados. O grupo consegue passar por todos os obstáculos. Num momento, porém, em que se encontram com a própria Bruxa, a vilã consegue pegar um de seus sapatos prateados. Com raiva, Dorothy joga sobre a rainha um pote com água e a bruxa derrete completamente. O povo do País dos Winkies está liberto da tirania. O Homem de Lata é consagrado o novo governante do local, uma vez que Dorothy, agora, poderá voltar para Kansas.

Ao chegar ao Castelo da Cidade das Esmeraldas, o Mágico tenta livrar-se do grupo. Totó, no entanto, consegue entrar por um esconderijo atrás do trono e revela ao grupo a verdade sobre o Mágico de Oz. Trata-se nada mais de um velho mágico de Omaha que caiu em Oz após uma jornada num balão de ar quente.

O mágico, então, providencia que o grupo consiga os seus intentos. Ao Espantalho é dado um diploma que prova sua inteligência. Ao Homem de Lata é dado um coração que pendura sobre o peito. Ao Leão é dado uma medalha de Honra ao Mérito que expressa sua coragem.

O Mágico, então, monta seu balão novamente para retornar a sua terra natal, planejando deixar Dorothy em Kansas. No dia da partida, toda Oz está reunida para despedir-se de sua grande heroína. Quando o balão é solto, Totó escapa e Dorothy vai salvá-lo. O balão parte sem Dorothy. Glinda, a Bruxa Boa do Sul, é chamada. Ela ensina à Dorothy que a solução está em seus pés. Basta que ela bata os sapatinhos prateados para estar em casa novamente. Ela se despede de seus amigos e bate os sapatinhos. Ao acordar, está em casa, deitada entre seus tios que velavam o seu sono.

O livro de Baum teve muitas atualizações desde que foi lançado. Aqui falaremos de duas. A primeira delas é a primeira versão para o teatro que aconteceu em 1902. A segunda é a versão de 1975, chamada de “The Wiz”.

“The Wizard of Oz” estreeou na Broadway em 1903 depois de sua primeira temporada em Chicago no ano anterior. Se apresentava como uma “extravaganza” (unia uma quantidade muito grande de compositores e letristas) e fez 293 apresentações até 1904. Era estrelada por Anna Laughlin no papel principal e por Fred Stone (Espantalho), David Montgomery (Homem de Lata) e Arthur Hill (Leão). L. Frank Baum escreveu o roteiro, Paul Tietjens os arranjos das músicas e W.W. Denslow (que havia feito as ilustrações do livro) foi o responsável pelos cenários e figurinos. Fred. R. Hamlin produziu e Julian Mitchell assinou a direção. Como era típico numa extravanganza, a história é um motivo para a inclusão de várias músicas, piadas, situações estreitamente ligadas à realidade da apresentação. Assim, o roteiro básico é igual ao do livro, embora termine com a partida de Oz de Dorothy sem mostrar a chegada dela em Kansas. O desenvolvimento, no entanto, envolve uma série de pequenas situações outras, com comentários sobre a política, um poeta que canta à heroína com uma canção sobre Michigan, seu estado norte-americano preferido, e outras cenas do tipo.

“The Wiz” é um musical com músicas e letras de Charlie Smalls e roteiro de William Brown. Geoffrey Holder assinou a direção e George Faison a coreografia. É a contextualização da história de Baum para a cultura afro-americana. Estreeou em 1975 e ganhou sete Tony (Melhor Cenário, Melhor Coreografia, Melhor Ator e Atriz Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Musical). Stephanie Mills fazia Dorothy na temporada de estréia. Hinton Battle (Espantalho), Tiger Haynes (Homem de Lata), Ted Ross (Leão), Dee Dee Bridgewater (Glinda) e André De Shields (O Mágico) também estavam no elenco. A narrativa se baseia no livro e no musical cinematográfico de 1939.

A versão cinematográfica de “The Wiz” foi lançada em 1978, produzida pela Universal Pictures. Foi dirigida por Sidney Lumet e estrelada por Diana Ross (Dorothy), Michael Jackson (Espantalho), Nipsey Russell (Homem de Lata), Ted Ross (Leão), Mabel King (Bruxa Má do Oeste), Theresa Merritt (Tia Em), Thelma Carpenter (Bruxa Boa do Norte), Lena Horne (Glinda) e Richard Pryor (O Mágico). Novas músicas foram compostas para a versão cinematográfica fazendo com que “The Wiz” se confirmasse como um dos maiores expoentes da blaxploitation, isto é, movimento artístico de conscientização negra contra a discriminação. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar: Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme.

O dia de Ação de Graças é comemorado num apartamento no Harlen onde uma professora de 24 anos (Dorothy) mora com seus tios. Uma ventania acontece depois do jantar e o cachorrinho de Dorothy some pela porta da cozinha. Um vento mágico, produzido pela Bruxa Boa do Norte (Glinda), surge e leva Dorothy e seu cão a Oz, um parque de diversões. No vôo, Dorothy esbarra no letreiro luminoso que cai em cima de Evermean, o dono do parque, e o mata. Os chinelos prateados de Evermean são dados à Dorothy que se encontra com os Munchkin antes de, como na história do livro, pegar o caminho para a Cidade das Esmeraldas. Encontra um Espantalho feito de lixo que quer um cérebro, um robô que quer um coração, e um leão que fugiu da floresta e se escondeu ao lado dos leões de pedra da biblioteca de Nova Iorque, com medo de voltar pra sua casa querendo ter coragem. O caminho pra Cidade das Esmeraldas é cheio de perigos: prostitutas, drogas e situações do tipo. O palácio do Mágico de Oz é o World Trade Center. Após matar a segunda bruxa, Dorothy e os outros retornam ao Palácio e descobrem que o Mágico é uma farsa. Na verdade, ele é Herman Smith, um político de Nova Jersey que perdeu as eleições. Tristes os amigos de Dorothy são consolados pela jovem professora que lhes diz que os três sempre tiveram o cérebro, o coração e a coragem que quiseram. Então, ela retorna sozinha para casa usando seus sapatos prateados. O filme foi um fracasso de bilheteria. Custou 24 milhões de dólares e não arrecadou 14 milhões. A crítica o considerou assustador para crianças e bobo para adultos.

A mais conhecida versão da história é a de 1939 estrelada por Judy Garland. Nas mais importantes listas, seu título está entre os dez melhores filmes da história do cinema mundial. Além de Garland, participam do filme: Frank Morgan (o Mágico), Ray Bolger (Espantalho), Jack Haley (Homem de Lata), Bert Lahr (Leão), Billie Burke (Glinda) e Margaret Hamilton (Sra. Gulch). Não foi o primeiro filme produzido em Technicolor, mas seu uso nas cenas em preto e branco com tons marrons fazem dele um clássico desse tipo de fotografia.

Os direitos autorais dos livros foram comprados pela MGM em 1938, ano em que começaram as filmagens, após um longo e cansativo processo de casting tanto de elenco como de técnicos. Vários foram os roteiristas que fizeram várias versões do filme. A direção também teve alterações. Richard Thorpe começou dirigindo, mas foi substituído por George Cukor (Born to be a star, My Fair Lady) que depois foi substituído por Victor Fleming (... E o vento levou), que assina a direção. King Vidor é quem terminou o filme dirigindo as cenas em Kansas, embora não tenha sido creditado.

Foi nesse filme que Glinda passou a ser a Bruxa Má do Norte e não mais do Sul. E nela também os sapatinhos se tornaram vermelhos e não prateados.

O filme ganhou quatro indicações (Melhor Efeitos Especiais, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Filme) e dois Oscar (Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção) em 1940. A música “Over the rainbow” foi composta por Harold Arlen e a letra é de E. Y. Harburg.

Somewhere over the rainbow
Way up high
There's a land that I heard of once in a lullaby

Somewhere over the rainbow
Skies are blue
And the dreams that you dare to dream really do come true

Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me
Where troubles melt like lemon drops
A way above the chimney tops
That's where you'll find me

Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
Birds fly over the rainbow
Why then oh why can't I?

If happy little blue birds fly beyond the rainbow
Why oh why can't I? 


Abaixo uma lista selecionada de versões cinematográficas e teatrais de “The Wizard of Oz”

Cinema: 
1910 - The Wonderful Wizard of Oz: dirigido por Otis Turner e protagonizado por Bebe Daniels.
1914 – Sua majestade, o espantalho de Oz: dirigido por L. Frank Baum.
1921 – O Mágico de Oz – dirigido por Ray Smallwood
1925 – Mágico de Oz – dirigido por Larry Semon e L. Frank Baum, protagonizado por Oliver Hardy.
1932 – A terra de Oz, a sequência de “O Mágico de Oz” – dirigido por Meglin Kiddies
1939 – O Mágico de Oz: dirigido por Victor Fleming, produzido pela MGM e protagonizado por Judy Garland.
1969 – A maravilhosa terra de Oz – dirigido por Barry Mahon
1971 - Ayşecik ve Sihirli Cüceler Rüyalar Ülkesinde:: filme turco dirigido por Tunc Basaran
1978 –The Wiz: dirigido por Sidney Lumet, protagonizado por Diana Ross (Michael Jackson no papel de Espantalho)
1985 – O retorno a Oz: dirigido por Walter Murch e protagonizado por Fairuza Balk
2006 – O Mágico de Oz dos Muppets: dirigido por Kirk Thatcher e protagonizado por Ashanti (Queen Latifah como a Tia Em)
2011 – O maravilhoso mágico de Oz: a ser dirigido por John Boorman

Teatro: 
1902 – O Mágico de Oz
1945 – O Mágico de Oz: dirigido por Frank Gabrielson com músicas do filme de 1939.
1975 – The Wiz: músicas e letras de Charlie Smalls.
1981 – The Marvelous Land of Oz: musical de Thomas W. Olson, Gary Briggle e Richard Dworsky.
1987 – O mágico de Oz: dirigido por John Kane e protagonizado por Imelda Staunton
2000 – O Maravilhoso Mágico de Oz: dirigido por Joe Cascone.
2003 – Wicked: musical de Gregory Maguire e Stephen Schwartz

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Romance & Cigarettes

Romance & Cigarettes é um musical de 2006 escrito e dirigido por Johan Turturro (Hannah e suas irmãs (1985), O barato de Grace (1990)) que, até o momento, só apareceu na versão cinematográfica.

Nick Murder (James Gandolfini) é um operário que tem sido casado há quase duas décadas com Kitty (Susan Sarandon), que trabalha como costureira e é mãe de três filhas de Nick. Embora ame Kitty, ele se envolve com Tula (Kate Winslet), uma sexy vendedora de lingeries que é ruiva. O musical começa quando Kitty descobre nas coisas do marido um poema para a amante. Há uma briga e, a partir disso, Kitty não fala mais com o marido e passa a dormir no seu quarto de costura. As filhas apóiam a mãe e tratam o pai com desprezo. Essa situação faz com que ele repense sua vida, seu relacionamento, seu casamento... O mesmo acontece com Kitty, que lembra seu antigo namorado e passa a contar com a ajuda de seu primo Bo (Christopher Walken) para conhecer e vingar-se da amante. Nick tem como amigo, confidente e colega de trabalho, Angelo (Steve Buscemi). Muitas situações interessantes acontecem no desenrolar da história. Tula faz o amante acreditar que está transado com um homem circuncidado o que move o protagonista a circuncidar-se. Uma das filhas do casal é apaixonada pelo vocalista de sua própria banda de rock. Com ele, ela noiva e depois desfaz o noivado. A mãe de Nick (Elaine Stritch) aparece e conta para o filho que ele está reproduzindo o comportamento do avô e do pai. Nick termina o relacionamento com Tula e tenta refazer seu casamento. Fumante inveterado, seu pulmão não mostra sinais de durabilidade. Ele é internado e, antes de morrer, ganha o perdão da esposa.

A trilha sonora do filme, a qual ouvimos sendo cantada pelos cantores originais e, ao mesmo tempo, pelos atores, deixa o filme muito engraçado. A direção cria situações muito interessantes como a que bombeiros vão apagar o “fogo” de Tula ou o diálogo entre Nick e os policiais que aparecem após a briga do casal.

O filme tem 105 minutos e foi produzido pelos Irmãos Cohen.

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Naked boys singing

Dirigido por Robert Schrock e coreografado por Jeffry Denman, o musical Naked Boys Singing estreou na Off-Broadway em julho de 1999. As composições e as letras das quinze músicas são de um conjunto de compositores que celebram a nudez masculina em várias situações. No palco, através das músicas vemos a questão da circuncisão, do vestiário masculino, do voyerismo, da disfunção erétil, entre outros... Na estréia, participavam do elenco os seguintes atores: Glenn Seven Allen, Jonathan Brody, Tim Burke, Tom Gualtieri, Daniel C. Levine, Sean McNally, Adam Michaels, Trance Thompson. O espetáculo tem 70minutos e não tem intervalo.

A versão cinematográfica foi lançada em 2007 e consiste numa versão filmada do teatro que é apresentado em Nova Iorque. O elenco, assim, é composto por atores que também participam do espetáculo em cartaz.

Kevin Alexander Stea (o empregado), Joe Souza (o circuncisado) Phong Truong (o voyeur), Jason Currie (Entertainer), Joseph Keane (o ator pornô), Anthony Manough (o musculoso) Andrew Blake Ames (Jack's Song), Vincent Zamora (o voyeur), Jaymes Hodges (Nothin' but the Radio On) Salvatore Vassallo (o maestro).

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A Chorus line

A Chorus Line é um musical sobre dezessete dançarinos da Broadway que participam de uma audição para o coro de um musical. Estreeou na Off-Broadway em maio de 1975. Para tanto, a produção pediu empretado 1,6 milhões de dólares que foi rapidamente coberto com a venda estrondosa de ingressos. Em julho do mesmo ano, o musical estreeou na Broadway, no Schubert Theater, onde fez 6.137 apresentações, sendo, hoje, o quarto espetáculo que mais tempo ficou em cartaz na história da Broadway. Saiu de cartaz em abril de 1990, quinze anos depois. Até essa dada, nenhum musical tinha ficado tanto tempo em cartaz. O lucro foi de 277 milhões de dólares.

O texto é de James Kirkwood e Nicholas Dante. As letras das canções são de Edward Kleban e as composições são de Marvin Hamlisch. A Chorus Line é o trabalho mais importante da carreira de todos esses nomes. O mesmo, no entanto, não se pode dizer de Michel Bennett, que assina a direção. Antes desse musical, Bennet já havia sido premiado por Follies (1971) e Company (1971). Vieram depois, entre outros, Ballroom (1979) e Dreamgirls (1981).

A cena de abertura é com vários dançarinos (gypsies) participando de audições. Zach é o nome do diretor e Larry, seu assistente. No primeiro corte, sobram 17 dançarinos. E só há vaga para 4 homens e 4 mulheres. O diretor, então, diz que quer conhecê-los melhor. Então, eles devem se apresentar. Com relutância, cada um começa a falar sobre o seu passado. Cada história, e nem todas são verdadeiras, dizem um pouco sobre o candidato. Algumas começam na infância, outras já na adultez. Mike conta sobre ver sua irmã dançando ballet quando ele achou que também poderia fazer isso (“I can do that”). Sheila sobre como o ballet a ajudou na sua vida familiar, Bebe que o ballet a fazia bonita, mesmo não sendo ela uma garota bonita, Maggie que, no ballet, sempre havia alguém por ela, sensação que ela não sentia fora da barra.

Kristine e Al, um casal, fala sobre suas dificuldades. Mark, o mais jovem, fala de suas primeiras experiências sexuais vendo fotos de mulheres nuas. Greg sobre como descobriu sua homossexualidade. Diana sobre como eram as aulas de teatro em sua High School. Don lembra de seu trabalho num nightclub, Richie de como se tornou professor de jardim de infância, Judy reflete sobre seus problemas na infância. Connie sobre como é difícil ter baixa estatura. Val conta que talento não é tudo e canta sobre como o silicone a ajudou a conquistar coisas.

Todos descem para o andar de baixo onde aprenderão uma coreografia. Cassie aparece para falar com Zach. Cassie é uma dançarina que já fez muito sucesso como solista. Ela e Zach já foram casados. Zach diz que ela é boa demais para fazer parte do coro, mas ela está precisando de dinheiro e quer fazer o teste.

Zach chama Paul para o palco. Ele, bastante emocionado, conta da importância de passar no teste uma vez que sua única experiência era num show de dragqueens, em que ele era um dos gogoboys. O número final começa: “One”. Zachs chama várias vezes a atenção de Cassie. Ela insiste. Na sequência de sapateado, Paul cai e se machuca. Zachs pergunta a quem fica o que eles farão quando não puderem mais dançar. O que quer que aconteça, eles respondem, eles estarão livres da culpa de não ter dançado. Cassie, Bobby, Diana, Judy, Val, Mike, Mark e Richie são selecionados.

Com roupas douradas, todos retornam e dançam novamente.

A produção ganhou 12 indicações para o Tony Awards em 1976, ano em que também Chicago concorreu. E ganhou nove troféus: Melhor Diretor, Melhor Coreografia, Melhor Atriz (McKechnie), Melhor Ator Coadjuvante (Sammy Williams), Melhor Atriz Coadjuvante (Bishop) e Melhor Iluminação, Melhor Roteiro, Melhor Música Original e Melhor Musical. No mesmo ano, ganhou o Prêmio Pulitzer de Teatro, um feito que pouquíssimos musicais conquistaram (Fiorello!, 1960).

A versão teatral de 2006, atual, custou 8 milhões e fez 759 apresentações. Foi dirigida por Bob Avian. Ganhou duas indicações ao Tony (Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Revival).

A versão cinematográfica, dirigida por Lord Richard Attenborough (Gandhi, 1982) foi lançada em 1985 com grande similaridade com a versão teatral, mas não total. Michael Douglas interpretou Zach. “Hello Twelve, Hello Thirteen, Hello Love”, “Sing!” e “The music and the mirror” foram excluídas da lista de canções. “Surprise, surprise” e “Let me dance for you” foram adicionadas. “What I did for love”, no teatro, expressava o amor dos dançarinos pela dança. No filme, trata-se do relacionamento entre Zach e Cassie.

Kelly Bishop, a original Sheila, conta que ficou horrorizada com ouviu o diretor Richard Attenborough dizer que “A Chorus Line” era sobre jovens que querem uma vaga na Broadway. A versão teatral não é sobre isso, mas, sim, sobre dançarinos que buscam na possibilidades de passar sua última chance de dançar uma vez que estão ficando velhos demais para isso. De fato, a versão teatral é muito mais forte.

A Chorus Line foi o primeiro musical a incluir o tema da homossexualidade, embora no filme, pouco se fale disso.

A coreografia do filme é de Jeffrey Hornaday. Bennett se nego a fazer a coreografia alegando que o filme nunca conseguiria retratar a peça de forma adequada. Sugeriu que a história fosse de atores fazendo casting para o filme, idéia que foi rejeitada.

O filme ganhou três indicações ao Oscar: Melhor Canção (“Surprise, surprise”), Melhor Edição de Som e Melhor Montagem.

A versão brasileira do musical estreou em 1982 e ficou em cartaz até 1984. Cláudia Raia interpretava Sheila. Sobre sua participação, ela conta:

Como foi o seu retorno ao Brasil?
O Teatro El Nacional pegou fogo e foi completamente destruído. Como eu estava de férias do Teatro Colón, vim para o Brasil e vi um anúncio do Chorus line. Eu falei: “Ah, é meu! Tenho que fazer, é meu!” A produção era do Walter Clark, do nosso querido Walter Clark, uma das pessoas mais importantes da televisão brasileira. Fiz a inscrição para a audição. A minha inscrição foi a “0001” entre 1500 candidatas! Eram 7h da manhã e eu já estava na porta, esperando. Eu falei para ele: “Olha, tem dois problemas: um é que eu sou menor de idade e o outro é que eu quero fazer a Sheila de Chorus line.”. Ele adorou aquilo, porque eu praticamente impus o que queria fazer. Ele disse: “Olha, se você é menor, a gente dá um jeito. Mas, para fazer a Sheila de Chorus line, você tem que passar no teste com os americanos que vêm”. E eu falei: “Você pode escrever que o papel é meu. Eu sei que vou fazer!” Fiz o teste: tive nota 10 em jazz e 10 em clássico. Na hora do canto, eu nunca tinha cantado nada na vida. Eles me disseram que conhaque era bom para a voz. Só que eu não bebo nada. Tomei um cálice de conhaque e entrei completamente bêbada! Eu não sabia para onde eu ia, de tão bêbada que fiquei, e não sabia que música eu ia cantar. Eu fiquei tão desorientada que eu cantei Terezinha de Jesus, mas também não me lembrava da letra. Uma loucura! Um mico! Bom, claro que eu não passei no canto. E o diretor musical falou: “Quem é essa moça?” E o americano dizia: “Eu quero ela, porque ela é a Sheila.” Só que o personagem tinha 36 anos, e eu tinha 15. Eu não tinha nem maturidade para fazer aquele personagem. Fui fazer o teste de interpretação – eu tinha visto a peça sete vezes! –, e fazia exatamente igual ao que eu tinha visto a atriz americana fazer. Então, o americano ficou louco comigo. Ele dizia: “É ela, é ela, é ela!” Só que havia uma outra atriz competindo comigo, que tinha sido minha professora de dança, olha que loucura! E ela ganhou o papel. Eu peguei a minha bolsa e fui embora. Imagina! eu era a primeira bailarina do Teatro Colón, não queria ficar na coxia torcendo para alguém quebrar a perna, para eu poder entrar no lugar. Eu disse que não ia ficar. Minha mãe enlouqueceu e disse: “Você tem que ser humilde, não é possível que você queira fazer o primeiro papel logo de cara”. E eu disse: “Eu sei que posso fazer o primeiro papel, eu tenho certeza de que tenho competência para isso.” Fui para o escritório do Walter Clark – eu, a adolescente – e sentei no chão, louca da vida. Então, ele disse: “Olha, você vai entrar como substituta, mas o papel é seu.” E eu falei: “Não, não me venha enganar...” Ele perguntou: “Quanto que você quer ganhar?” “Eu quero ganhar o salário de uma protagonista, que é o papel que eu gostaria de fazer. Será muito infeliz ficar na coxia, não é isso que eu quero.” Dois dias depois – não sei o que aconteceu na negociação entre ele e a outra atriz – eu ganhei o papel principal, que foi a grande alavanca da minha carreira: até fazer esse papel de comédia, que era extremamente engraçado, eu não tinha noção de que eu era uma comediante. Mas era eu abrir a boca e o teatro vinha abaixo, de tanto rir.

Como você fazia para viver essa personagem, que era 18 anos mais velha?
Bom, eu “mechei” o cabelo todo. Fizemos mechas de um loiro bem clarinho, quase branco, para dar um ar de mais velha. Como ela era uma bailarina, e eu também, nós éramos parecidas fisicamente: magrinhas, enfim. Afinal, ela era uma bailarina de 36 anos, mas era uma bailarina! Eu tentei, junto com o americano e com o diretor brasileiro, pesar um pouco na mão: eu não tinha know-how nenhum, experiência nenhuma de atriz. Mas as coisas vinham assim, de dentro de mim, e brotavam. As pessoas que assistiam ficavam enlouquecidas. Eu trabalhei duro mesmo, porque a gente ensaiava das nove da manhã às seis da tarde, loucamente. Eu saía de lá e ia fazer aula de canto, todos os dias. Empenhei-me e, no final, acabei cantando direito as músicas que eu tinha que cantar. As críticas diziam que eu era a melhor cantora. Realmente, não era um elenco tão maravilhoso em termos de canto, mas eu me empenhei em fazer aquilo e consegui cantar direito. Foi uma temporada de um ano e meio, e depois a gente veio para o Rio. O Walter Clark dizia: “Olha, Cláudia, quando você chegar ao Rio, a TV Globo vai te pegar imediatamente.” E eu dizia: “Ah, imagina! Eu não quero TV Globo, eu não quero televisão, eu sou bailarina!” E ele falou: “Você é um dos raros talentos que aparecem e você vai ser uma grande estrela.” Eu pensava: “Meu Deus, o que ele está falando?” Eu não entendia nada. Acabamos ficando super amigos. Ele foi meu tutor, porque a minha mãe morava longe, em Campinas. Ele é que assinava as coisas por mim, porque eu era menor e não podia fazer os trabalhos que apareciam. Então, o Walter Clark foi parte muito importante da minha vida, foi um pai para mim. A nossa relação foi muito bonita, de pai e filha mesmo. Ele tinha uma filha da minha idade, a Luciana, de quem eu era super amiga. E a gente teve essa relação, em conjunto. Ele participou muito da minha carreira, devo muito a ele.

Vocês realizaram outros trabalhos juntos, você e Walter Clark?
Não. Porque ele não fez mais nada em teatro, na verdade. O Chorus line era uma peça muito cara, que apesar de fazer um enorme sucesso, não se pagava – como a maioria dos musicais no Brasil. 


A ficha técnica da produção brasileira do espetáculo foi a seguinte: 

Concepção, Coreografia e Direção Original:
Michael Bennett

Texto:
James Kirkwood
Nicholas Dante

Música:
Marvin Hamlish

Letras:
Edward Kleban

Tradução:
Millôr Fernandes

Direção e Coreografia:
Roy Smith

Remontagem:
Ricardo Bandeira

Direção Musical:
Murilo Alvarenga

Iluminação:
Abel Kopanski

Cenografia:
Mário Monteiro

Assistente de Coreografia:
Nadia Nardini

Direção de Atores:
Alexandre Tenório

Produção:
Walter Clark
José Octavio de Castro Neves

Elenco
Cláudia Raia
Thales Pan Chacon
Totia Meirelles
Regina Restelli
Raul Gazolla
Teca Pereira
Dil Costa
Luiz Carlos Buruca
Kátia Bronstein
Eduardo Martini
Márcia Albuquerque
Nádia Nardini
Rita Renha
Ricardo Bandeira
Roberto Lima
Roberto Lopes
Sylvia Andrade
Alonso Barros
Accacio Gonçalves
Jorge Bueno
Carola Monticelli
Beatriz Becker
Eduardo Malot
Marcos Jardim
Patrícia Martin
Paulo Xavier
Sergio Funari
Viviane Alfano
Zé Arantes

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