Cantando na chuva


Singin' in the Rain é um filme Americano de 1952 dirigido por Gene Kelly e Stanley O’Connor, ambos muito conhecidos por seus musicais. O’Connor foi diretor de três filmes antes de “Cantando na chuva”, incluindo “Royal Wedding” com Fred Astaire. Kelly (1912-1996) já era um ator nacionamelmente conhecido em 1945 quando foi indicado ao Oscar por “Anchors Aweigh”. Ao longo de sua carreira como bailarino, coreográfo, ator e diretor, alcançou muitos prêmios. “Cantando na chuva”, no entanto, é o seu maior sucesso. Kelly interpreta o ator Don Lockwood, um ator famoso do cinema mudo que faz dupla com a estrelar Lina Lamont (Jean Hagen). Embora Lina pense que há uma relação de compromisso entre ela e Lockwood, isso não passa de fofocas da imprensa nos Estados Unidos, final dos anos 20. É quando chega o cinema falado.

“Cantando na chuva” trata de toda a reformulação da indústria cinematográfica e da arte da interpretação a partir do advento do cinema falado. Na história, Lina tem uma voz horrível e, por isso, não consegue manter o sucesso adquirido no cinema mudo. Os atores começam a fazer um curso de dicção, o estúdio recebe microfones, um filme normal se torna um musical. As cenas engraçadas ficam por conta de Lina que não consegue se adaptar. É quando aparece Kathy Selden, uma bailarina de teatro por quem Don se apaixona. Don e Cosmo Brown, seu amigo e parceiro, têm a ideia de colocar Selden no filme como a voz de Lina, dublando-a. A proposta é levada para R.F., o diretor do estúdio, e ele aceita desde que Lina não saiba disso. Uma nova versão de “The Dueling Cavalier”, o filme que era mudo, que passou a ser falado e que, agora, será um musical, é lançado e faz sucesso. Mas o público quer ouvir Lina cantar ao vivo na noite de estréia. Selden canta a contragosto por ordem de Lina que ficara sabendo da trama. No meio da música, Don e Cosmo abrem o pano de fundo e fazem saber quem é a dona verdadeira da voz. O filme termina com um cartaz em que estrelam Selden e Lockwood juntos.


Algumas curiosidades:

- Gene Kelly não foi a primeira opção para o papel de Lockwood. Howard Keel era o indicado.

- Judy Garland foi cogitada para o papel de Selden.

- Debby Reynolds interpreta um personagem que dubla a voz de Lina. No entanto, Reynolds é dublada por Betty Noyes nas suas canções.

- O papel de Cosmo Brown foi pensado para Oscar Levant.

- Judy Holliday foi cogitada para o papel de Lina.

- Debbie Reynolds não era dançarina, mas, sim, ginasta. Num dia de gravação, Kelly a insultou pela sua falta de experiência e ela abandonou o estúdio em lágrimas. Fred Astaire a encontrou chorando embaixo de um piano. Ele se ofereceu, então, para ajudá-la. Kelly, depois, admitiu que foi grosseiro com a colega e que não acreditava que ela ainda falasse com ele depois de tudo. Ao lembrar de seus pés sangrando após a gravação de “Good Morning”, Reynolds declarou que a gravação de “Cantando na chuva” foi uma das piores experiências de sua vida.

- Há claras referências ao filme em muitas produções cinematográficas, teatrais e televisivas. No cinema, a mais conhecida é uma cena de Laranja Mecânica.

Músicas:

Várias músicas já haviam aparecido em outros filmes anteriores à Cantando na chuva.

- Fit as a fiddle – College Coach (1933)

- Temptation – Going Hollywood (1933)

- All I do is dream of you – Sadie McKee (1934)

- Singin in the rain – Hollywood Revue of 1929 (1929)

- Make ‘em laugh – The pirate (1948)

- Beautiful Girl – Going Hollywood (1933)

- You were meant for me – The Broadway Melody (1929)

- You are my lucky star – Broadway Melody of 1936 (1935)

- Good Morning – Babes in Arms (1939)

- Would you? – San Francisco (1936)

- Broadway Melody Ballet – Broadway Melody (1929)



Sobre a cena mais famosa do filme…

- É água misturada com leite para que a textura ficasse mais fotografável;

- Kelly estava ardendo em febre no dia em que gravou a cena;

- Levou dois dias e meio para ser gravada;



O filme ganhou duas indicações ao Oscar: Melhor Atriz Coadjuvante (Jean Hagen/ Lina) e Melhor Filme.

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Hairspray

Hairspray foi primeiro um filme de 1988 escrito e dirigido por John Waters (dono de uma polêmica campanha para que as pessoas pudessem fumar em teatros e cinemas). Nele estão Ricky Lake (Tracy Turnblad), Sonny Bono (Franklin Von Tussle), Debbie Harry (Velma Von Tussle) e Divine (Edna Turnblad). A história acontecem em Baltimore no ano de 1962 e se situa entre as histórias que tratam da segregação de cor e estética. Quanto à primeira, o filme retrata a divisão social bastante marcada entre brancos e negros nos bairros, nas salas de aula, nos programas de TV, bairros... Quanto ao segundo, trata-se da história de uma menina obesa que se apaixona pelo menino mais cobiçado da escola. Além disso, no início dos anos 60, os penteados mantidos à base de aerosol dominam esteticamente a narrativa. O filme teve um sucesso bastante moderado alcançado a quantia de oito milhões de dólares em lucro, vindo a se tornar um filme Cult nos anos 90.

Tracy Turnblad e sua melhor amiga Penny Pingleton (Leslie Ann Powers) vão a uma audição para The Corny Collins Show, o programa adolescente mais visto na TV local, em que jovens dançam embalados por músicas da época sendo patrocinados por Hairspray Ultra Cluntch (baseado no programa real Buddy Deane Show (1957-1964). A abertura do filme mostra os jovens se arrumando para entrar em cena no programa televisivo que era ao vivo. Apesar de estar com o peso acima da balança, Tracy consegue uma vaga no programa o que enfurece a rainha das dançarinas, a adolescente Amber Von Tussle (Colleen Fitzpatrick), filha de Velma e Franklin, donos do parque da cidade (baseado em Gwynn Oak Amusement Park, onde muitos problemas raciais tiveram lugar). Tracy rouba o namorado de Amber, Link Larkin (Michael St. Gerard) e compete contra Amber à coroa de rainha de 1963.

O crescimento da fama de Tracy chama a atenção de Hepty Hideway Clothing Store (Loja de Roupas Tamanho Grande Hepty) que é de propriedade de Mr. Pinky. A loja passa a investir na garota e tê-la como modelo. Tracy passa a usar uma mecha do cabelo loiro o que se torna um sucesso na cidade.

Devido ao penteado, um dia, Tracy é mandada para uma escola reformatória onde ela faz vários amigos negros. Através deles, ela conhece Motormouth Maybelle (Ruth Brown) dona de uma loja de discos (R&B Records) e a apresentadora do programa The Corny Collins Show no “Negro Day”, um dia mensal em que há apenas dançarinos negros e música negra. Maybelle e os jovens ensinam Tracy, Link e Penny a dançar como eles. Penny inicia, então, um romance com Seaweed (Clayton Prince) filho de Motormouth, o que causa horror em Prudence (Jo Ann Havrilla), mãe de Penny, fazendo com que a garota fique presa em seu próprio quarto e a levando para uma lavagem cerebral (John Waters faz o psicanalista) para que passe a gostar de garotos brancos.

Tracy emprega sua fama em lutar pela integração racial e fazer com que os negros tenham mais espaço no programa de TV, o que resulta numa passeata e em confronto policial. Tracy é decretada presa, mas foge. Franklin e Velma, defensores da segregação armam um plano para sabotar a escolha da rainha do programa. Uma bomba é posta no penteado de Velma, mas a bomba explode antes acabando com o penteado da mãe de Amber, em cuja cabeça cai o penteado destruído, o que faz com que Velma seja presa. Tracy ganha a coroa de rainha, mas, por ser aluna de uma escola reformatória não pode sustentar o título. O governo de Maryland, então, a perdoa e ela, finalmente destrona Amber que integra o show entre negros e brancos todos os dias.

Nessa primeira versão, o papel de Edna Turnblad foi interpretado por Divine (Harris Glenn Milstead - 1945-1988), uma dragqueen americana bastante famosa no cinema, na televisão e, principalmente no teatro. Divine morreu dormindo uma semana antes do filme estrear. Na noite anterior a sua morte, após jantar com amigos, seguiu para o hotel onde cantou na sacada “Arrivedercci Roma”. Seu corpo foi achado na manhã seguinte e, seguindo seu pedido, sua pequena fortuna não foi doada para a caridade, mas para todos aqueles que compram flores, gesto que ele/ela admirava. “Ursula, a bruxa do mar”, de “A pequena sereia”, da Disney, é um personagem inspirado em Divine.

O musical Hairspray estreou na Broadway em 15 de agosto de 2002, ganhando treze indicações e oito Tony Award. Ficou em cartaz até janeiro de 2009 e fez 2500 apresentações. As músicas são de Mark Shaiman, as letras de Scott Wittmann (The Adams Family, 1991; Sister Act 1992/1993; Patch Adams, 1998; entre muitos outros) e o roteiro adaptado do filme de Waters é de Mark O’Donnell e Thomas Meehan.

As negociações para o musical começaram em 1998 quando Good Morning Baltimore foi composta e foi escolhida como tema de abertura. Nessa ocasião, Rob Marshall foi escolhido como diretor, mas abandonou o projeto para assumir a versão cinematográfica de Chicago. Quem assinou a direção foi Jack O’Brien (Porgy and Bess, 1977; The piano lesson, 1990; The full monty, 2002) e as coreografias Jerry Mitchell.

A cena de abertura do primeiro ato é com Tracy acordando e cantando "Good Morning Baltimore", cidade onde se passa história, também ambientada em 1962. Depois da escola, ela corre para casa com Penny para assistir ao The Corny Collins Show, sob os reclames de sua mãe, Edna, quanto ao volume da música, e da mãe de Penny, Prudy, quanto ao ritmo. Na TV anunciam um concurso para novas dançarinas e Edna decide concorrer, contra as ordens de sua mãe que teme que riam dela por ela ser “gordinha”. Wilbur, pai de Tracy, permite que ela concorra e, na audição, ela se encontra com Link, o garoto mais cobiçado da escola, dançarino do programa, por quem ela é secretamente apaixonada.

Velma Vom Tussle é a racista produtora do programa e mãe de Amber, a rainha do programa e a namorada de Link. Velma não permite que Tracy faça o teste e a manda embora por causa do seu peso. Também se nega a aceitar o teste de Inez, uma pequena garota negra.

Na escola, devido ao seu penteado, Tracy vai para a sala de detenção onde conhece o garoto negro Seaweed Stubbs, irmão de Inez e filho de Motormouth Maybell, apresentadora do Negro Day do The Corny Collins Show. Ele ensina Tracy a dançar e ela usa o que aprendeu na aula de dança do The Conry Collins Show que acontece em sua escola no dia seguinte. Quando Corny vê Tracy dançando, ele dá a ela um lugar no show. Na gravação, por sugestão de Corny, Link canta para Tracy “It takes two”, o que deixa Amber cheia de ciúmes. Ao saber, Velma promete acabar com Tracy.

Tracy se torna famosa e é convidada para ser “garota propaganda” da loja do Sr. Pinky. É quando tira sua mãe, Edna, de casa após muitos anos de confinamento, envergonhada pelo seu excesso de peso. Tracy passa a usar uma mecha loura no cabelo.
Num jogo de Dodge, Amber derruba Tracy e Link a defende. É quando Penny e Seaweed se conhecem: o garoto negro convida as amigas a irem conhecer a loja de discos da mãe e se divertirem. Lá, Tracy convoca todos para marcharem até a estação de TV em protesto contra o cancelamento do Negro Day daquele mês, que ocorrera em função do dia das mães. No protesto, muita gente é presa. Velma havia ligado para polícia. É quando termina o primeiro ato.

O segunto ato começa com mulheres presas numa cadeia feminina, incluindo Velma e Amber logo libertadas. Wilbur consegue liberar várias outras mulheres, mas não sua filha devido a outra artimanha de Velma. Sozinha, Tracy canta “Good Morning Baltimore”, querendo que Link estivesse com ela. Em casa, Edna e Tracy estão tristes porque todas as suas economias foram gastas nas fianças, mas sua filha ainda está presa. É quando eles lembram do passado.

À noite, Link vai até a prisão e encontra Tracy solitária. Na casa de Penny, Seaweed aparece para tirar a amiga da prisão em que Prudy a colocou por ter sido presa. Os dois casais declaram seu amor e as garotas escapam das respectivas prisões indo se esconder na casa de Motormouth. Todos traçam um plano para tornar The Corny Collins Show um programa integrado. Maybelle lembra da luta dos negros.

Chega o dia da escolha da rainha. Amber luta pelo prêmio. Quando o resultado está para ser anunciado, Tracy aparece unida aos seus amigos Link, Penny, Seaweed e os demais. Tracy é escolhida a Rainha e ela declara que o programa agora será integrado. Então, Mr. Spritzer, o diretor da emissora, aparece dizendo que Tracy foi perdoada pelo governador, que Link ganhara um convite para gravar um disco e Velma ganhou o cargo de vice-presidente da Ultra Glow, empresa que patrocina o programa. Todos celebram. Tracy e Link finalmente se beijam.

O musical recebeu as seguintes indicações ao Tony 2003: Melhor Arranjo, Melhor Ator Coadjuvante (Corey Reynolds - Seaweed), Melhor Cenário, Melhor Iluminação e Melhor Coreografia. E os troféus de Melhor Musical, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora, Melhor Ator (Harvey Fierstein - Edna), Melhor Atriz (Marissa Winokur - Tracy), Melhor Ator Coadjuvante (Dick Latessa - Wilbur), Melhor Figurino e Melhor Diretor.

No Brasil, o musical estreou no dia 10 de julho de 2009, no Rio de Janeiro, com o seguinte elenco:
Simone Gutierrez - Tracy
Edson Celulari – Edna
Jonatas Faro - Link Larkin
Arlete Salles – Velma
Daniele Winits – Amber
A direção é de Miguel Fallabella, a produção de Sandro Chaim e o site do espetáculo que ainda está em cartaz (22/07/2010) é esse:


Lançado em 2007, o filme musical foi produzido pela Zadan/Meron Produções carregando a mesma ficha técnica (com exceção do elenco) do musical do teatro.

Com uma estética menos colorida e mais próxima do realismo, a versão cinematográfica tem poucas alterações:

-  Tracy (Nikki Blonsky) conhece Little Inez quando conhece a loja de discos e não na audição;
- O pai de Amber (Brittany Snow) não aparece como também não aparece no teatro;
- Velma (Michelle Pfeiffer) trabalha na produção do The Corny Collins (James Marsden) e não há nenhum parque de diversões;
- Negro Day é cancelado para sempre e não apenas por causa do Dia das Mães. O motivo é baixa audiência. A marcha é em função dessa decisão;
- Não há nenhuma cena na prisão, mas Wilbur (Christopher Walken) usa as economias para liberar quem foi preso;
- Tracy não é presa. Ela foge antes e se esconde na casa de Penny. Por tê-la escondido é que é Penny é castigada pela mãe (Allison Janney). Penny não participa da marcha liderada por Tracy e por Motormouth Maybelle (Queen Latifah);
- Link (Zac Efron) também não participa da marcha porque tem medo de se comprometer e perder o contrato com a emissora de TV. Mas se arrepende e vai até a casa de Tracy após saber do fim da Marcha.
- Edna (John Travolta) e Wilbur lembram do passado quando fazem as pazes após um mal entendido. Velma tentara seduzir Wilbur para separar os pais de Tracy.
- No dia da escolha da Rainha, Tracy, foragida, entra no estúdio dentro de um grande tubo de hairspray cenográfico. Ela dança e convida outras pessoas para dançar, incluindo Little Inez (Taylor Parks), irmã de Seaweed (Elijah Kelley). Inez recebe várias ligações e ganha o concurso de rainha. Velma que roubava votos para sua filha é flagrada pela câmera operada por Edna. Velma é demitida.
- “It takes two” quase não é cantada no filme.

Algumas curiosidades:

- O filme custou 75 milhões de dólares;
- A abertura, um “bird’s eye”, é inspirado em West Side Story e em The Sound of Music.
- As roupas de Penny em algumas cenas são feitas de cortina numa homenagem a The Sound of Music.
- A cena em que Tracy canta “Good Morning Baltimore” é uma homenagem a Funny Girl.
- Os avaliadores do Concurso da Miss Hairspray no The Corny Collins Show são os coreógrafos da versão teatral e a Tracy Turnblad do filme de 1988.
- “Ladies Choice” e “Come so far” foram compostas especialmente para o filme. “The new girl in town foi composta para o musical no teatro, mas não entrou nessa versão. Entrou no filme. “I can wait” (que é linda!)  foi composta e gravada para o filme numa cena em que Tracy está no porão de Penny, mas não entrou na montagem final do filme.
- A “foto cantante” de Tracy em “Without Love” é uma homenagem a Broadway Melody em que Judy Garland canta para foto de Clark Gable;
- Uma sequência chegou a ser pré-produzida, mas, em 2010, foi anunciado de que os planos foram cancelados.

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My Fair Lady

My Fair Lady é um musical baseado em Pygmalion, livro de Bernard Shaw (1856-1950), um importante romancista irlandês, se não o maior daquele país. Lançado em 1913, o romance em cinco atos, se inspirou numa peça musical de W. S. Gilbert, escrita em 1871, chamada Pygmalion e Galatea, um mito bastante famoso na era vitoriana, tratava da história de um professor de fonética, Henry Higgins, que apostava poder enganar a corte vitoriana fazendo uma florista de rua, Eliza Doolittle, se passar por uma dama. O personagem da florista foi uma homenagem, e também uma forma de cortejo, à então famosa atriz Beatrice Stella Turner (1865-1940), depois chamada de Mrs.Patrick Campbell, nome do seu segundo e último marido. Ainda no início da carreira, a atriz era desprezada por mostrar, sem querer, suas origens humildes. Daí saiu o mote de Shaw: uma crítica à sociedade.

A peça veio antes do romance. Shaw leu o texto original para Mrs. Campbell e ela aceitou o papel que havia sido feito para ela, apesar dos seus 49 anos. O espetáculo estreou em Londres em 11 de abril de 1914, mas já havia sido montado em Viena (1913) e em Nova Iorque (1914).

No primeiro ato, é quase meia noite e um grupo de pessoas está fugindo da chuva em Covent Garden, Londres. Entre o grupo está a família Eynsford-Hills, emergentes sociais. Na briga por um taxi, Freddy, o filho dessa família, esbarra em Eliza, a florista, fazendo com que suas flores caiam no chão. Eliza tenta ainda, ao proteger-se da chuva, vender suas flores ao Colonel Pickering, um cavalheiro. Eis que ela é avisada de que há alguém anotando tudo o que ela diz. O homem que anota e o Professor de Fonética Henry Higgins, mas Eliza pensa que ele é um policial e fica bastante nervosa. Pickering e Higgins se reconhecem como grandes estudiosos e admiradores um do trabalho do outro. Pickering viera da India para procurar o autor de vários livros Higgins. Por sua vez, Higgins planejava ir à India encontrar Pickering. Entre a troca de gentilezas, Higgins diz que poderia transformar uma florista em uma dama apenas ensinando-a a falar corretamente. Os dois cavalheiros vão embora, mas as últimas palavras ficam na mente de Eliza. Freddy, que havia saído para encontrar um taxi para sua família, retorna e descobre que sua mãe e irmã já se foram. Eliza pega o taxi de Freddy pagando o transporte com o dinheiro que Higgins lhe dera à título de esmola. Freddy fica sozinho em pensamentos.

No segundo ato, estamos na casa do Professor Higgins e ele está demonstrando seus métodos para Pickering. Mrs. Pearce, a governanta, aparece dizendo que há uma garota querendo falar com o professor. É Eliza. Ela quer pagar por lições, quer ser uma florista numa loja de flores e não uma que vende pelas ruas. Pickering faz uma aposta de que ele não conseguirá ensiná-la a ponto de parecer-se com uma dama. Higgins aceita e ela é levada para um banho. Então, aparece Alfred Doolittle, o pai de Eliza que tenta tirar do professor algum dinheiro. Ele é grosso e até agressivo, não tem uma afeição paternal pela filha e mostra ser um homem acostumado com a falta de possibilidades, mas muito inteligente. O segundo ato termina com o homem indo embora da casa de Higgins com cinco pounds dizendo que os dois professores estão com um difícil trabalho nas mãos.

O terceiro ato acontece na casa da mãe do Professor Higgins. É quando ele diz que está dando aulas a uma vendedora de flores. A mãe está recebendo convidados em sua casa e o Professor é rude com eles como sempre é. Eliza entra e fala sobre o tempo e sobre a família. Embora com um jeito empolado, o assunto dela é trivial: suspeita-se que sua tia, morta por influenza, tenha sido roubada por um parente. Ela diz que gin é o leite que sua mãe e seu pai bebem. Freddy ouve a história e se apaixona por ela e a convida para dar uma caminhada. Ela responde “No bloody likely”, a frase mais famosa da peça, de extremo baixo calão. Depois da partida de Eliza, Mrs Higgins diz estar preocupada com a garota que não é apresentável. Higgins e Pickering, no entanto, estão satisfeitos.

Seis meses se passam e é tempo do Baile da Embaixada. Nele estará Nepommuck, um aluno formal do Prof. Higgins e que fala 32 idiomas. Ela é admirada por todos no baile incluindo pelos anfitriões impressionados com a beleza de Eliza. Nepommuck diz saber quem é ela pela forma como ela fala ao conversar com ele: ela é húngara e tem sangue azul. Higgins é quem diz a todos a verdade. Ninguém acredita nele.

O quarto ano começa na volta da festa, na casa de Higgins, quando o professor recebe os parabéns de Pickering e dos empregados pelo feito. Higgins agradece a Deus por tudo já ter terminado. Eliza ouve calada, sentada, quieta num canto da sala. Todos vão dormir, mas, antes, Higgins pede a Eliza que lembre a Sra Pearce sobre o café que deverá ser levado no quarto dele. Eliza fica sozinha. Minutos depois, o professor volta atrás de seus chinelos e a ex-aluna os atira em Higgins. Ela está chateada e preocupada com o seu futuro. Ele diz que ela poderá fazer o que quiser, incluindo se casar. Ela entende isso como um convite à prostituição já que agora ela não viverá mais do seu sustento, mas de um homem. Ele se irrita. Os dois discutem. Ela quer devolver os presentes que ganhou ao longo do “curso”. Ele vai para o quarto irritado consigo mesmo por ter perdido o controle, jogando o anel que Eliza lhe devolveu na lareira, ato que assusta a própria garota. Ele xinga Eliza, a si próprio, o café e até Mrs. Pearce, de tão furioso que está.

O quinto ano se dá na manhã seguinte à briga. Eliza desaparecera e os dois professores começam a procurá-la, telefonando até para a polícia. Higgins trata o desaparecimento de Eliza como um “guarda-chuva perdido”, mas se distrai pensando que era ela quem dominava suas atenções diárias. Mr. Doolittle reaparece vestindo esplendidamente para o seu próprio casamento. Ele está furioso com Higgins que havia indicado o pai de Eliza como o mais original moralista inglês a um grupo americano de Reforma Moral Social, que, por suas idéias sobre a classe média, deu ao homem uma aposentadoria milionária. Eis, então, que, na casa da Sra. Higgins, o professor encontra sua ex-aluna. A mãe do professor explica como a moça chegara em casa, sentindo-se ultrajada por quem se julga um cavalheiro. O professor pede que o pai de Eliza espere na rua e entra. Eliza entra na sala tranquilamente e segura de si. Não dá ouvidos aos impropérios do ex-professor, mas diz que foi graças aos exemplos dados por Pickering que ela se tornou uma lady de verdade, o que deixa Higgins sem palavras. Ela prossegue dizendo que a velha Eliza havia ficado para trás e que ela não poderia mais voltar a ser o que era. Mas se engana. Nesse momento, seu pai surge dentro da sala e a florista volta a falar como falava no início da história. O pai convida todos para irem ao seu casamento e todos concordam em ir. O professor está exultante.

Na cena final, Eliza e Higgins se confrontam novamente. Ele se defente, ela pede que seja mais gentil. Ele pede mais gratidão. Ela diz que se casará com Freddy e que pensa em se tornar professora de fonética, assistente de Nepommuck. Higgins perde a paciência novamente e diz que torcerá o pescoço de Eliza se ela fizer isso. A mãe de Higgins aparece e as duas vão entram para o casamento. Eliza diz que o professor terá que continuar sozinho e Higgins sorri de si mesmo e da idéia de Eliza se casar com Freddy. A peça de Shaw termina aí.

A peça foi o grande sucesso entre os dramas de Bernard Shaw. No entanto, todos cobravam do escritor um final feliz. Em 1914, o escritor ficou surpreso ao ir ao teatro e ver que a ultima cena era de Higgins com um bouquet de flores para Eliza. Isso deixou Shaw furioso. No anos 20, Shaw explicou que era importantíssimo que tanto Eliza como Higgins mantivessem seu orgulho intacto.

Em 1938, o produtor de cinema Gabriel Pascal se dedicou a versão cinematográfica da peça de Shaw, que havia proibido o cineasta de um filme musical, devido ao fracaso que havia sido “O soldado de chocolate”, musical baseado em “Arms and the man”, peça teatral sua. O filme é bastante próximo da peça. O papel do Higgins foi interpretado por Leslie Howard, que, um ano depois, estrelaria ...E o vento levou no papel de Ashley. Antes dessa versão americana, que ganhou Oscar 1939 de Melhor Roteiro, tendo sido também indicado para melhor ator (Howard), melhor atriz (Wendy Hiller, Eliza) e Melhor filme, houve uma versão holandesa (1937) e uma versão alemã (1935).

Depois da morte de Shaw, Pascal pediu para Alan Jay Lerner que, ao lado de Frederick Loewe, já havia feito cinco musicais, para escrever a versão musical. A dupla, assim que começou a ler o roteiro, se deparou com um texto musical incomum: não havia uma história de amor, assim como não havia, histórias paralelas. Oscar Hammerstein II e Richard Rodgers, outra dupla famosa, também havia tentado a façanha sem sucesso: Pymallion era um caso difícil. Dois anos se passaram e Pascal já havia falecido. Os direitos da peça foram, então, comprados pela dupla de músicos e pela MGM, cujos executivos trataram de desencorajá-los de levar a história para um estúdio. É famosa a frase de Loewe: “Vamos escrever o musical sem os direitos e quando o tempo de decidir quem vai fazer vier, nós estaremos na frente de todo mundo no projeto, de forma que eles vão ser obrigados a nos contratar”. Cinco meses depois, a dupla recebeu o apoio e tudo já estava quase pronto.

Embora Noel Coward tenha sido cogitado para o papel de Higgins o papel foi oferecido a Rex Harrison, que já havia ganhado Tony de Melhor Ator por Anne and the Thousand Years, em 1948. Mary Martin foi cogitada para o papel de Eliza, mas não aceitou. Julie Andrews, que tinha estrelado o musical The Boyfriend, foi convidada para o papel.

Conta-se que, para a estacao de 1955/56 na Broadway, Julie Andrews fez uma audicao para Richard Rodgers para o musical “The pipe dream” . Mr. Rodgers, então, perguntou à jovem cantora/atriz, que tinha alcancado um status à la “Broadway’s darling” por sua interpretacao de Polly na peca “The boyfriend”(vide minha postagem “The boyfriend”), se ela tinha já audicionado também para outros compositores ou produtores. Ela foi muito sincera e disse: “Sim, sim, eu audicionei para Mr. Lerner e Mr. Loewe. Ambos estao preparando um musical baseado em Pygmalion de George Bernard Shaw”. Mr.Rodgers refletiu por alguns segundos e respondeu: “Se eles lhe pedirem para fazer Pygmalion, aceite. Senao, volte aqui e o emprego é seu!”. Como Julie disse anos depois: “It was very good advise – Thank you, Mr. Rodgers”.

O roteiro do musical acabou utilizando cenas da peça, do romance e cenas especialmente escritar por Shaw para o filme de 1938, como a cena do Baile da Embaixada. Os títulos cogitados foram: Pygmallion – Fair Eliza, Come to the Ball e Lady Eliza. O título oficial acabou se tornando My Fair Lady, numa alusão à rima:

London Bridge is falling down,
Falling down, falling down.
London Bridge is falling down,
My fair lady.


Uma das cancoes que foi cortada foi parar em 1958 no filme “Gigi” (Também de Lerner & Loewe) interpretada por Leslie Caron (ou melhor, pela cantora que lhe emprestou a voz): Say a prayer for me tonight... Uma cancao que, em My fair Lady, tinha seu lugar antes de uma insegura Eliza vestir-se para o baile (a cena foi totalmente cortada), foi encaixada na cena em que uma insegura Gigi está para vestir-se para sair com Gaston para o seu primeiro “Rendevouz” no Maxime’s.
 O musical estreou em Nova Iorque em 15 de março de 1956 e ficou em cartaz até 1962 fazendo 2717 apresentações. Moss Hart assinau a direção e Hanya Holm as coreografias. O elenco original também incluiu Stanley Holloway, Robert Coote, Cathleen Nesbitt entre outros. Em Londres, a versão estreou em 1958 e fez 2281 apresentações.

Em 1976, 1981 e 1993, houve remontagens em Nova Iorque. Em 1979 e em 2001 houve remontagens em Londres.

A frase "The rain in Spain stays mainly in the plain" recebeu, ao redor do mundo, diferentes traduções:
Arabic: "سيدتي الجميلة: أنت القلب الكبير..أنت نعمة وإحسان..بنعمتك تختال علينا "
Chinese: "西班牙的雨大多数落在平原上"
Czech: "Déšť dští ve Španělsku zvlášť tam kde je pláň"
Danish: "En snegl på vejen er tegn på regn i Spanien"
Dutch (Version 1 and 3): "Het Spaanse graan heeft de orkaan doorstaan"
Dutch (Version 2): "De franje in Spanje is meestal niet oranje"
Estonian: "Hispaanias on hirmsad vihmahood"
Finnish (Version 1): "Vie fiestaan hienon miekkamiehen tie"
Finnish (Version 2): "En säiden tähden lähde Madridiin"
French: "Le ciel serein d'Espagne est sans embrun"
French (Quebec) : "La plaine madrilène plait à la reine"
German: "Es grünt so grün wenn Spaniens Blüten blühen"
Hebrew: "ברד ירד בדרום ספרד הערב" ("Barad yarad bidrom sfarad haerev")
Hungarian: "Lent délen édes éjen édent remélsz"
Icelandic (Version 1): "Á Spáni hundur lá við lund á grund"
Icelandic (Version 2): "Á Spáni er til að bili þil í byl"
Italian (original performance on stage): "In Spagna s'è bagnata la campagna"
Italian (film version): "La rana in Spagna gracida in campagna"
Italian (later performances on stage): "La pioggia in Spagna bagna la campagna"
Korean: "스페인 평원에 비가 내려요"
Marathi: "Ti Phularaani"
Norwegian (Version 1): "Det gol og mol i solen en spanjol"
Norwegian (Version 2): "De spanske land har altid manglet vand"
Persian: بانوی زیبای من
Polish: "W Hiszpanii mży, gdy dżdżyste przyjdą dni"
Portuguese (Version 1): "O rei de Roma ruma a Madrid"
Portuguese (Version 2): "Atrás do trem as tropas vem trotando"
Russian (Version 1): "На дворе - трава, а на траве - дрова" ("Na dvorye trava, a na travye drova")
Russian (Version 2:) "Карл у Клары украл кораллы" ("Karl ooh Klary ukral korally")
Spanish (Version 1): "La lluvia en Sevilla es una pura maravilla"
Spanish (Version 2): "La lluvia en España los bellos valles baña"
Spanish (Mexican cast) "El rey que hay en Madrid se fue a Aranjuez"
Swedish: "Den spanska räven rev en annan räv"
Swedish (version 2): "Nederbörden och skörden" ("All nederbörd förstörde körsbärsskörden")
Turkish: "Ispanya’da yağmur, her yer çamur"
Ukrainian: "Дощі в Афінах частіше йдуть в долинах" ("Doshchi v Afinah chastishe jdut' v dolynah")

Prêmios:

1956 – Broadway
Tony Award: Melhor Musical, Melhor Ator (Harrison), Melhor Cenário, Melhor Figurino e Melhor Direção Musical e Melhor Diretor. Indicações: Melhor Atriz (Andrews), Melhor Ator Coadjuvante (Holloway) e Melhor Coreografia.

1976 Broadway revival
Tony Award: Melhor Ator ( Ian Richardson e George Rose)

1981 Broadway revival
Tony Award: Melhor Remontagem

A versão cinematográfica mais conhecida é da Warner produzida em 1964 e dirigida por George Cukor, sendo seu 59ª direção. Ocupa hoje a 8ª colocação na lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos. Custou 27 milhões de dólares e foi todo gravado em estúdio. Os atores Cary Grant, Noel Coward, Michael Redgrave e George Sanders foram cotados para o papel de Higgins, mas todos se negaram exigindo que Rex Harrison o fizesse. O mesmo aconteceu com o papel de Stanley Holloway. Semelhante movimento da classe artística não aconteceu com a novata Julie Andrews, conhecida no teatro, mas desconhecida no cinema. Eliza foi interpretada por Audrey Hepbun (1 Oscar e 3 indicações), papel esse que foi muito disputado por Elizabeth Taylor.

O filme ganhou oito Oscars: Melhor Direção (Cukor), Melhor Ator (Harrison), Melhor Direção de Fotografia, Melhor Edição de Som, Melhor Trilha Sonoar, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. E teve as seguintes indicações: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Ator Coadjuvante (Stanley Holloway) e Melhor Atriz Coadjuvante (Gladys Cooper). A não indicação de Hepburn ainda hoje é considerada uma reação da Academia ao não convite da Warner à Julie Andrews para o papel principal. No mesmo ano, Andrews ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua participação em Mary Poppins. Ao receber o prêmio, disse: “You americans are known for your hospitality, but this is ridiculous!!!"


 Há uma homenagem à My fair lady feita pelo Chapolin  Colorado que não deve deixar de ser vista.

No Brasil, houve duas montagens do musical:

1963 - Teatro João Caetano - Rio de Janeiro. Bibi Ferreira e Paulo Autran nos papéis principais. Marília Pera como corista.

2008 - Teatro Alfa - São Paulo

Sobre essa produção:

“My Fair Lady”, a comédia eternamente jovem e inteligente, sinônimo de alegria, emoção, luxo, felicidade no mundo todo, chega ao Brasil.

Dirigido por Jorge Takla, um dos mais famosos musicais da Broadway, My Fair Lady, encenado ininterruptamente e sempre com enorme sucesso no mundo todo há 50 anos. Baseado na peça Pigmaleão, de George Bernard Shaw, o musical conta a inteligente, dinâmica e hilariante história de um poderoso professor de fonética, machista e solteirão convicto, que garante transformar uma pobre vendedora ambulante de flores em uma grande dama da sociedade. A Takla Produções está à frente dessa superprodução que, ao lado do engenhoso texto, reúne, segundo a crítica internacional, todos os requisitos de melhor dramaturgia, música e maior popularidade de todos os tempos.

Com música de Frederick Loewe, texto e letras de Alan Jay Lerner, My Fair Lady conta com a direção musical do maestro Luis Gustavo Petri , com a regência de Vânia Pajares, e com a direção associada e coreografia de Tânia Nardini. A versão brasileira do musical foi traduzida e adaptada por Cláudio Botelho, responsável pelas versões nacionais das bem-sucedidas montagens de Les Misérables, Vitor ou Vitória, a Bela e a Fera, Chicago, entre outras. O musical tem como protagonistas Daniel Boaventura (Professor Higgins) e Amanda Acosta (Elisa Doolittle), além de Francarlos Reis (Alfred Doolittle), Tadeu Aguiar, Frederico Silveira, Malu Pessin, Noemia Duarte e grande elenco.

Os números endossam a grandiosidade do musical. Os 10 cenários serão assinados por Daniela Thomas e elaborados por uma equipe de mais de 100 pessoas. Os 300 figurinos de época são de Fábio Namatame, localizados no início do século XX, e confeccionados com luxo e requinte. A equipe permanente é composta de 40 artistas, entre atores, cantores e bailarinos; 20 músicos na orquestra; 40 profissionais na equipe técnica (maquinistas, camareiras, cabeleireiros, peruqueiros, maquiadores, operadores de luz, som e contra-regras), e mais de 15 profissionais fixos na produção.




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Wicked



“Wicked” é um musical cujas músicas e letras foram compostas por Stephen Schawtz (Godspel, 1971; Pipppin, 1972; O corcunda de Notre Dame, 1996) e roteiro de Winnie Holzman. É baseada na novela “Wicked: the life and times of the Wicked Witch of the West”, escrita por Gregory Maguire. É uma história que fica em paralelo à série “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum, publicada entre 1900 e 1901, e vários outros livros que foram lançados na sequência. O musical estreou em 2003. É produzido pela Universal e dirigido por Joe Mantello. Na temporada de estréia, Idina Menzel (Rent, 1996; Hair, 2001) fazia Ephalba, Kristin Chenoweth fazia Glinda e Joel Grey fazia o Mágico. Em 2004, ganhou dez indicações ao Tony, ganhando os troféus de Melhor Atriz (Menzel), Melhor Cenário e Melhor Figurino.
Wicked conta a história de Elphaba, a futura Bruxa Má do Oeste, e sua amizade com Galinda, depois Glinda, a Bruxa Boa do Norte. O relacionamento entre as duas acaba por suas personalidades serem opostas, com diferentes pontos de vista sobre as situações, o mesmo Love-affair, e as diversas reações ao governo corrupto do Mágico. Assim, a história começa antes da chegada de Dorothy em Oz, vinda de Kansas.
Começa com os cidadãos de Oz comemorando a morte da Bruxa Má do  Leste. É quando Glinda desce do céu e começa a contar a história da bruxa, cujo nome é Elphaba. Glinda conta que ela teve uma infância muito difícil sempre sofrendo discriminação pelos cidadãos por causa da cor de sua pele (verde) e também pelo tratamento que ela recebeu do pai, o viúvo Frex, que considerava ela um problema em função das coisas estranhas que aconteciam quando ela estava próximo. A mãe de Elphaba, Melena, deu a luz a outra menina chamada Nessarose, que não podia caminhar, mas que era adorada pelo pai Frex. Quando chegou o tempo, Nessarose foi mandada para a Universidade com Elphaba, sendo que a segunda só estava lá para empurrar a cadeira de rodas da primeira. Na formatura de Nessarosa, a irmã de Elphaba ganhou de Frex um par de sapatos feito de jóias.
Galinda e Elphaba se encontraram na Universidade de Shiz. Galinda oferece-se para dividir o seu quarto com Elphaba, já que Nessarosa tinha o seu. As duas vivem normalmente. Morrible, a dona do lugar onde elas vivem, nota os poderes de Elphaba e pensa ser isso útil para o Mágico de Oz. Então, a anfitriã começa a dar aulas particulares para a hóspede verde. Elphaba pensa que pode ser uma celebridade em Oz se ajudar o Mágico. Galinda e Elphaba brigam por essas idéias.
Doutor Dillamond é um bode que ensina História na Universidade e está perdendo a capacidade de falar. Ele não consegue pronunciar Galinda e diz Glinda. Elphaba promete ajudar o professor. Há outros animais perdendo a capacidade de falar em Oz.
Fiyero, o príncipe de Vinkus, aparece. Ele e Galinda se apaixonam no baile Ozdust. Antes do baile, Galinda ganha de sua mãe um chapéu de bruxa (preto e pontudo) que ela acha feio. Como um presente, ela dá a Elphaba.
Doq é um jovem de Muchkin que é apaixonado por Galinda sem que ela o retribua. Galinda o engana convidando o garoto para ir ao baile onde ele acaba beijando Nessarose que se apaixona pelo jovem. Nessarose fica feliz e grata à Galinda pela chance de viver o amor. Boq diz que se sentiu atraído por Nessarose porque ela é bonita não por pena. No baile, Galinda se encontra com Morrible que tenta convencê-la a praticar aulas de magia também. É quando Galinda fica com remorso por ter tratado mal a amiga (Elphaba) que lhe faz bem, torce por ela. Elphaba, então, chega usando o chapéu dado por Galinda. E todos a ridicularizam.
Em casa, Elphaba conta a Galinda que Frex obrigou sua mãe a comer flores de milho para que Nessarose não nascesse verde como a irmã. O resultado foi que Nessarose nasceu mais cedo do que deveria e a mãe, Melena, morreu.
Um novo professor de história chega à Universidade em substituição a Dillamond. Ele traz um leão medroso enjaulado. Ephalba e Fiyero soltam o leão secretamente. É quando fica-se sabendo que Elphaba está, como Galinda, apaixonada pelo príncipe. Morrible, que tem o poder de mudar o clima, aparece e diz que Elphaba está sendo esperada pelo Mágico.
A cena seguinte acontece na estação que leva para a Cidade das Esmeraldas onde Elphaba está partindo. Nessarose diz que o pai de ambas, Frex, ficará muito orgulhoso da filha. Na estação, também está Boq que cuidará de Nessarose na ausência de Elphaba. Fiyero aparece com flores para Elphaba e lhe deseja sorte. Para impressionar o príncipe, Galinda diz que, em homenagem ao Doutor Dillamond, seu nome agora será apenas Glinda. Elphaba parte, mas antes convida Glinda para ir com ela. Glinda aceita e vai com a amiga.
Depois de um dia na Cidade das Esmeraldas, as duas amigas encontram o Mágico de Oz. Ele convida Elphaba a ser sua assistente pessoal, mas antes pede que, como teste, faça com que seu servo Chistery, um macaco, consiga voar. Para isso, ela deverá usar o Grimmerie, um livro de magia muito antigo. Elphaba facilmente consegue dar asas ao macaco e o Mágico lhe mostra uma jaula cheia de macacos voadores que, então, serão espiões das atividades dos animais. Fora as palavras de Elphaba que transformaram todos macacos em seres voadores quando ela pensou fazer a magia com apenas um. Então, ela percebe que fora usada pelo Mágico que, na verdade, não é um mágico. Ela, então, foge do palácio levando consigo o livro de magia e é perseguida pelo guardas do castelo. Elphaba e Glinda fogem para a torre mais alta do castelo. Lá elas encontram Morrible, a secretária do Mágico, que declara ser Elphaba uma Bruxa Má (Wicked Witch) e que não deve receber confiança. No topo da torre, Elphaba encanta uma vassoura e convence Glinda a se juntar a ela em sua causa, mas Glinda se nega a ir com a amiga. Elphaba desaparece deixando para trás sua única amiga prometendo lutar contra o Mágico.
O segundo ato começa quando, em Oz, um tempo já teve passado e Elphaba já é conhecida como a Bruxa Má do Oeste. Morrible e Glinda terão uma agenda com o Mágico para anunciar o casamento dela com Fiyero e para lembrar como Glinda recebera o título de “Glinda, a boa”. Ela agradece o título, mas diz que não se sente digno dele.
Ao mesmo tempo, Elphaba chega na casa do governo de Munchkinland para pedir ajuda a Frex. Quem governa agora Munchkin é Nessarose que conta a irmã que o pai das duas morrera de vergonha pelas ações de Elphaba na Cidade das Esmeraldas. Nessarose se recusa a ajudar Elphaba até porque ela nunca usou de magia para ajudá-la a andar. Elphaba então encanta os sapatos de jóias da irmã fazendo com eles fiquem vermelhos rubi e possam andar. Boq aparece me vê que sua esposa já pode andar e não precisará mais dele... Ele avisa que um baile acontecerá: o casamento de Glinda e de Fiyero. Irritada, Nessarose murmura uma palavra do livro Grimmarie causando um infarto no marido. Enquanto Elphaba ajuda Doq, Nessarose reflete como ela e o marido oprimiram o povo de Munchkin (A Bruxa Má do Leste). Elphaba salva Boq e Nessarose culpa a irmã pelo que quase aconteceu.
Sem ter conseguido abrigo, Elphaba vai até o palácio do Mágico de Oz para libertar os macacos com asas em troca do seu perdão. Ao descobrir que entre os macacos está o Doutor Dillamond, agora incapaz de falar, Elphaba desiste de ajudá-los e vai até Fiyero, agora capitão da guarda. Glinda aparece e vê Elphaba e Fiyero. O Mágico aparece e oferece a ela uma taça de bebida, o que ela nega. Glinda está furiosa com Elphaba, então, pede que Madame Morrible espalhe a notícia de que Nessarose está em perigo.  Morrible concorda e propõe também um ciclone para colocar Nessarose, de fato, em perigo.
Numa floresta escura, Fiyero e Elphaba trocam juras de amor mas são interrompidos pela sensação de que sua irmã está em perigo. Ambos vêem um casa voando pelos ares em direção à Munchkinland. Elphaba corre, mas chega tarde. A casa de Dorothy caíra sobre Nessarose matando-a. Glinda aparece e diz a Dorothy que ela deve procurar o Mágico de Oz trilhando o caminho dos tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas. Glinda dá à Dorothy os sapatos encantados de Nessarose. Os guardas aparecem e Fiyero deixa com que Elphaba escape. Por isso, ele é aprisionado e torturado até que diga onde a bruxa verde se esconde. No castelo de Fiyero, Elphaba pensa em salvar o protetor, mas, também, começa a aceitar a reputação de má que ela tem.
Boq aparece e organiza com os cidadãos de Oz uma Caça às Bruxas seguindo atrás de Dorothy e seu cachorrinho Totó. Vendo o movimento crescer, Glinda percebe que Madame MOrrible está por trás da morte de Nessarose. Vai, então, até o castelo de Fiyero e pede que Elphaba deixe com que Dorothy parta, afinal, são só sapatos! Elphalba se nega a deixa a garotinha partir. Uma carta do Mágico chega e Elphaba faz Glinda prometer que seu nome não será conhecido. Dá a ela o Grimmerie e as duas juram sua amizade mútua. O grupo (Dorothy e seus amigos) chega ao castelo e Elphaba pede que Glinda se esconda. Glinda, sem poder ajudá-la, vê Dorothy jogar água e aparentemente derreter Elphaba, da qual só sobrou um líquido verde e seu chapéu pontiagudo.
Glinda aparece no castelo do Mágico de Oz e mostra a ele o líquido verde dizendo que só viu um liquido assim na casa do Mágico. É quando é revelado que o Mágico, na verdade, é o pai verdadeiro de Elphaba. Ele e Melena tiveram um relacionamento do passado do qual Elphaba é a filha.
Glinda pede que o Mágico deixe Oz e mande prender Madame Morrible, retornando a cena inicial da peça. Glinda se dirige aos cidadãos de Oz dizendo que o governo será reformado. O Espantalho, amigo de Dorothy, vai secretamente no palácio e descobre que Elphaba está, na verdade, viva. Descobre-se que o Espantalho é Fiyero e que ele foi assim transformado por Elphaba para salvá-lo. Elphaba e o Espantalho vão embora de Oz sem que seu segredo seja revelado.

Há rumores da versão cinematográfica, mas ainda nada foi confirmado.

 



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O Mágico de Oz

“The Wonderful Wizard of Oz” foi, antes de se tornar um musical, um livro infantil escrito pelo americano L. Frank Baum (1856-1919). Tanto sucesso fez no ano de seu lançamento e nos seguintes que resultou em mais treze livros, esses escritos até 1909. Dedicado à senhora Baum, esposa do autor, hoje, e desde 1956, os livros são de domínio público.

Dorothy, a protagonista, é uma garota que vive uma fazenda em Kansas com seu tio Henry e sua tia Em. Seu único amigo é o cachorrinho Totó que, um dia, fugiu para fazenda da Senhora (Elmira) Gultch que, irritada, procura seus vizinhos a fim de exigir que o cachorro seja entregue à municipalidade uma vez que, segundo ela, a dona não sabe cuidar dele. O cachorro é levado, então, pela malvada vizinha, mas foge e volta para casa. Ao revê-lo, a triste Dorothy decide fugir de casa e, no caminho, encontra um mágico que lê a sua sorte. Na bola de cristal, o mágico vê a tristeza de seus tios que sofrem com a partida da sobrinha. Uma tempestade começa e a garota volta para casa arrependida de ter partido. Um furação se aproxima e todos se escondem. Dorothy entra em casa no momento em que ela é fisgada pelo tufão. Quando a casa volta ao chão, Dorothy descobre o prédio caiu sobre uma bruxa terrível, matando-a. O feito libertou o Reino dos Munchkins, homens baixinhos que viviam sob o domínio da Bruxa Má do Leste, graças à Dorothy, agora morta. A Bruxa Boa do Sul aparece e Dorothy é consagrada heroína da terra dos Munchkins, mas tudo o que ela quer é voltar para casa. A Bruxa Boa do Sul dá a Dorothy, então, os sapatos prateados da Bruxa Má do Leste e diz à garota que ela deve seguir a estrada de tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas onde encontrará o Mágico de Oz que poderá ajudá-la.

No caminho, ela encontra um espantalho que não consegue espantar nenhum corvo. O espantalho, que pode falar para a surpresa de Dorothy, confessa que gostaria muito de ter um cérebro capaz de produzir bons pensamentos. Dorothy o liberta da estaca que o prendia e o convida para ir com ela até o Mágico de Oz.

Outro personagem aparece: um homem todo de lata. Ele era um lenhador que foi enfeitiçado por uma bruxa e, por isso, perdia partes do corpo em acidentes de trabalho. As partes foram sendo substituídas por lata por um amigo do lenhador. Um dia, ele enferrujou por inteiro. E, tudo o que ele queria, era um coração para si. Dorothy convida o Homem de Lata para ir com ela, Totó e o Espantalho até a Cidade das Esmeraldas e o convite é aceito.

Os quatro encontram, ainda, outro personagem. Um leão tenta assustá-los, mas Dorothy descobre que o mais assustado é ele que sofre com sua falta de coragem. Dorothy convida ele para ir também falar com o Mágico de Oz que irá ajudá-los. Todos seguem cheios de esperança à Cidada das Esmeraldas.

Lá encontram o Mágico de Oz que, a cada um, se apresenta de forma diferente. A Dorothy, o Mágico aparece como uma grande cabeça falante. Ao Espantalho, como uma linda mulher. Ao Homem de Lata, como uma fera. Ao Leão, como uma bola de fogo. O Mágico concorda em ajudá-los, mas com a condição de que eles exterminem a Bruxa Má do Oeste, que se apoderou do País dos Winkies. Antes, a Bruxa os havia feito dormir um campo de papoulas.

Tão logo o grupo entra no País dos Winkis, a Bruxa Má do Oeste manda lobos, abelhas e outros animais para destruí-los, além de seus soldados. O grupo consegue passar por todos os obstáculos. Num momento, porém, em que se encontram com a própria Bruxa, a vilã consegue pegar um de seus sapatos prateados. Com raiva, Dorothy joga sobre a rainha um pote com água e a bruxa derrete completamente. O povo do País dos Winkies está liberto da tirania. O Homem de Lata é consagrado o novo governante do local, uma vez que Dorothy, agora, poderá voltar para Kansas.

Ao chegar ao Castelo da Cidade das Esmeraldas, o Mágico tenta livrar-se do grupo. Totó, no entanto, consegue entrar por um esconderijo atrás do trono e revela ao grupo a verdade sobre o Mágico de Oz. Trata-se nada mais de um velho mágico de Omaha que caiu em Oz após uma jornada num balão de ar quente.

O mágico, então, providencia que o grupo consiga os seus intentos. Ao Espantalho é dado um diploma que prova sua inteligência. Ao Homem de Lata é dado um coração que pendura sobre o peito. Ao Leão é dado uma medalha de Honra ao Mérito que expressa sua coragem.

O Mágico, então, monta seu balão novamente para retornar a sua terra natal, planejando deixar Dorothy em Kansas. No dia da partida, toda Oz está reunida para despedir-se de sua grande heroína. Quando o balão é solto, Totó escapa e Dorothy vai salvá-lo. O balão parte sem Dorothy. Glinda, a Bruxa Boa do Sul, é chamada. Ela ensina à Dorothy que a solução está em seus pés. Basta que ela bata os sapatinhos prateados para estar em casa novamente. Ela se despede de seus amigos e bate os sapatinhos. Ao acordar, está em casa, deitada entre seus tios que velavam o seu sono.

O livro de Baum teve muitas atualizações desde que foi lançado. Aqui falaremos de duas. A primeira delas é a primeira versão para o teatro que aconteceu em 1902. A segunda é a versão de 1975, chamada de “The Wiz”.

“The Wizard of Oz” estreeou na Broadway em 1903 depois de sua primeira temporada em Chicago no ano anterior. Se apresentava como uma “extravaganza” (unia uma quantidade muito grande de compositores e letristas) e fez 293 apresentações até 1904. Era estrelada por Anna Laughlin no papel principal e por Fred Stone (Espantalho), David Montgomery (Homem de Lata) e Arthur Hill (Leão). L. Frank Baum escreveu o roteiro, Paul Tietjens os arranjos das músicas e W.W. Denslow (que havia feito as ilustrações do livro) foi o responsável pelos cenários e figurinos. Fred. R. Hamlin produziu e Julian Mitchell assinou a direção. Como era típico numa extravanganza, a história é um motivo para a inclusão de várias músicas, piadas, situações estreitamente ligadas à realidade da apresentação. Assim, o roteiro básico é igual ao do livro, embora termine com a partida de Oz de Dorothy sem mostrar a chegada dela em Kansas. O desenvolvimento, no entanto, envolve uma série de pequenas situações outras, com comentários sobre a política, um poeta que canta à heroína com uma canção sobre Michigan, seu estado norte-americano preferido, e outras cenas do tipo.

“The Wiz” é um musical com músicas e letras de Charlie Smalls e roteiro de William Brown. Geoffrey Holder assinou a direção e George Faison a coreografia. É a contextualização da história de Baum para a cultura afro-americana. Estreeou em 1975 e ganhou sete Tony (Melhor Cenário, Melhor Coreografia, Melhor Ator e Atriz Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Musical). Stephanie Mills fazia Dorothy na temporada de estréia. Hinton Battle (Espantalho), Tiger Haynes (Homem de Lata), Ted Ross (Leão), Dee Dee Bridgewater (Glinda) e André De Shields (O Mágico) também estavam no elenco. A narrativa se baseia no livro e no musical cinematográfico de 1939.

A versão cinematográfica de “The Wiz” foi lançada em 1978, produzida pela Universal Pictures. Foi dirigida por Sidney Lumet e estrelada por Diana Ross (Dorothy), Michael Jackson (Espantalho), Nipsey Russell (Homem de Lata), Ted Ross (Leão), Mabel King (Bruxa Má do Oeste), Theresa Merritt (Tia Em), Thelma Carpenter (Bruxa Boa do Norte), Lena Horne (Glinda) e Richard Pryor (O Mágico). Novas músicas foram compostas para a versão cinematográfica fazendo com que “The Wiz” se confirmasse como um dos maiores expoentes da blaxploitation, isto é, movimento artístico de conscientização negra contra a discriminação. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar: Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme.

O dia de Ação de Graças é comemorado num apartamento no Harlen onde uma professora de 24 anos (Dorothy) mora com seus tios. Uma ventania acontece depois do jantar e o cachorrinho de Dorothy some pela porta da cozinha. Um vento mágico, produzido pela Bruxa Boa do Norte (Glinda), surge e leva Dorothy e seu cão a Oz, um parque de diversões. No vôo, Dorothy esbarra no letreiro luminoso que cai em cima de Evermean, o dono do parque, e o mata. Os chinelos prateados de Evermean são dados à Dorothy que se encontra com os Munchkin antes de, como na história do livro, pegar o caminho para a Cidade das Esmeraldas. Encontra um Espantalho feito de lixo que quer um cérebro, um robô que quer um coração, e um leão que fugiu da floresta e se escondeu ao lado dos leões de pedra da biblioteca de Nova Iorque, com medo de voltar pra sua casa querendo ter coragem. O caminho pra Cidade das Esmeraldas é cheio de perigos: prostitutas, drogas e situações do tipo. O palácio do Mágico de Oz é o World Trade Center. Após matar a segunda bruxa, Dorothy e os outros retornam ao Palácio e descobrem que o Mágico é uma farsa. Na verdade, ele é Herman Smith, um político de Nova Jersey que perdeu as eleições. Tristes os amigos de Dorothy são consolados pela jovem professora que lhes diz que os três sempre tiveram o cérebro, o coração e a coragem que quiseram. Então, ela retorna sozinha para casa usando seus sapatos prateados. O filme foi um fracasso de bilheteria. Custou 24 milhões de dólares e não arrecadou 14 milhões. A crítica o considerou assustador para crianças e bobo para adultos.

A mais conhecida versão da história é a de 1939 estrelada por Judy Garland. Nas mais importantes listas, seu título está entre os dez melhores filmes da história do cinema mundial. Além de Garland, participam do filme: Frank Morgan (o Mágico), Ray Bolger (Espantalho), Jack Haley (Homem de Lata), Bert Lahr (Leão), Billie Burke (Glinda) e Margaret Hamilton (Sra. Gulch). Não foi o primeiro filme produzido em Technicolor, mas seu uso nas cenas em preto e branco com tons marrons fazem dele um clássico desse tipo de fotografia.

Os direitos autorais dos livros foram comprados pela MGM em 1938, ano em que começaram as filmagens, após um longo e cansativo processo de casting tanto de elenco como de técnicos. Vários foram os roteiristas que fizeram várias versões do filme. A direção também teve alterações. Richard Thorpe começou dirigindo, mas foi substituído por George Cukor (Born to be a star, My Fair Lady) que depois foi substituído por Victor Fleming (... E o vento levou), que assina a direção. King Vidor é quem terminou o filme dirigindo as cenas em Kansas, embora não tenha sido creditado.

Foi nesse filme que Glinda passou a ser a Bruxa Má do Norte e não mais do Sul. E nela também os sapatinhos se tornaram vermelhos e não prateados.

O filme ganhou quatro indicações (Melhor Efeitos Especiais, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Filme) e dois Oscar (Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção) em 1940. A música “Over the rainbow” foi composta por Harold Arlen e a letra é de E. Y. Harburg.

Somewhere over the rainbow
Way up high
There's a land that I heard of once in a lullaby

Somewhere over the rainbow
Skies are blue
And the dreams that you dare to dream really do come true

Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me
Where troubles melt like lemon drops
A way above the chimney tops
That's where you'll find me

Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
Birds fly over the rainbow
Why then oh why can't I?

If happy little blue birds fly beyond the rainbow
Why oh why can't I? 


Abaixo uma lista selecionada de versões cinematográficas e teatrais de “The Wizard of Oz”

Cinema: 
1910 - The Wonderful Wizard of Oz: dirigido por Otis Turner e protagonizado por Bebe Daniels.
1914 – Sua majestade, o espantalho de Oz: dirigido por L. Frank Baum.
1921 – O Mágico de Oz – dirigido por Ray Smallwood
1925 – Mágico de Oz – dirigido por Larry Semon e L. Frank Baum, protagonizado por Oliver Hardy.
1932 – A terra de Oz, a sequência de “O Mágico de Oz” – dirigido por Meglin Kiddies
1939 – O Mágico de Oz: dirigido por Victor Fleming, produzido pela MGM e protagonizado por Judy Garland.
1969 – A maravilhosa terra de Oz – dirigido por Barry Mahon
1971 - Ayşecik ve Sihirli Cüceler Rüyalar Ülkesinde:: filme turco dirigido por Tunc Basaran
1978 –The Wiz: dirigido por Sidney Lumet, protagonizado por Diana Ross (Michael Jackson no papel de Espantalho)
1985 – O retorno a Oz: dirigido por Walter Murch e protagonizado por Fairuza Balk
2006 – O Mágico de Oz dos Muppets: dirigido por Kirk Thatcher e protagonizado por Ashanti (Queen Latifah como a Tia Em)
2011 – O maravilhoso mágico de Oz: a ser dirigido por John Boorman

Teatro: 
1902 – O Mágico de Oz
1945 – O Mágico de Oz: dirigido por Frank Gabrielson com músicas do filme de 1939.
1975 – The Wiz: músicas e letras de Charlie Smalls.
1981 – The Marvelous Land of Oz: musical de Thomas W. Olson, Gary Briggle e Richard Dworsky.
1987 – O mágico de Oz: dirigido por John Kane e protagonizado por Imelda Staunton
2000 – O Maravilhoso Mágico de Oz: dirigido por Joe Cascone.
2003 – Wicked: musical de Gregory Maguire e Stephen Schwartz

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Romance & Cigarettes

Romance & Cigarettes é um musical de 2006 escrito e dirigido por Johan Turturro (Hannah e suas irmãs (1985), O barato de Grace (1990)) que, até o momento, só apareceu na versão cinematográfica.

Nick Murder (James Gandolfini) é um operário que tem sido casado há quase duas décadas com Kitty (Susan Sarandon), que trabalha como costureira e é mãe de três filhas de Nick. Embora ame Kitty, ele se envolve com Tula (Kate Winslet), uma sexy vendedora de lingeries que é ruiva. O musical começa quando Kitty descobre nas coisas do marido um poema para a amante. Há uma briga e, a partir disso, Kitty não fala mais com o marido e passa a dormir no seu quarto de costura. As filhas apóiam a mãe e tratam o pai com desprezo. Essa situação faz com que ele repense sua vida, seu relacionamento, seu casamento... O mesmo acontece com Kitty, que lembra seu antigo namorado e passa a contar com a ajuda de seu primo Bo (Christopher Walken) para conhecer e vingar-se da amante. Nick tem como amigo, confidente e colega de trabalho, Angelo (Steve Buscemi). Muitas situações interessantes acontecem no desenrolar da história. Tula faz o amante acreditar que está transado com um homem circuncidado o que move o protagonista a circuncidar-se. Uma das filhas do casal é apaixonada pelo vocalista de sua própria banda de rock. Com ele, ela noiva e depois desfaz o noivado. A mãe de Nick (Elaine Stritch) aparece e conta para o filho que ele está reproduzindo o comportamento do avô e do pai. Nick termina o relacionamento com Tula e tenta refazer seu casamento. Fumante inveterado, seu pulmão não mostra sinais de durabilidade. Ele é internado e, antes de morrer, ganha o perdão da esposa.

A trilha sonora do filme, a qual ouvimos sendo cantada pelos cantores originais e, ao mesmo tempo, pelos atores, deixa o filme muito engraçado. A direção cria situações muito interessantes como a que bombeiros vão apagar o “fogo” de Tula ou o diálogo entre Nick e os policiais que aparecem após a briga do casal.

O filme tem 105 minutos e foi produzido pelos Irmãos Cohen.

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Naked boys singing

Dirigido por Robert Schrock e coreografado por Jeffry Denman, o musical Naked Boys Singing estreou na Off-Broadway em julho de 1999. As composições e as letras das quinze músicas são de um conjunto de compositores que celebram a nudez masculina em várias situações. No palco, através das músicas vemos a questão da circuncisão, do vestiário masculino, do voyerismo, da disfunção erétil, entre outros... Na estréia, participavam do elenco os seguintes atores: Glenn Seven Allen, Jonathan Brody, Tim Burke, Tom Gualtieri, Daniel C. Levine, Sean McNally, Adam Michaels, Trance Thompson. O espetáculo tem 70minutos e não tem intervalo.

A versão cinematográfica foi lançada em 2007 e consiste numa versão filmada do teatro que é apresentado em Nova Iorque. O elenco, assim, é composto por atores que também participam do espetáculo em cartaz.

Kevin Alexander Stea (o empregado), Joe Souza (o circuncisado) Phong Truong (o voyeur), Jason Currie (Entertainer), Joseph Keane (o ator pornô), Anthony Manough (o musculoso) Andrew Blake Ames (Jack's Song), Vincent Zamora (o voyeur), Jaymes Hodges (Nothin' but the Radio On) Salvatore Vassallo (o maestro).

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A Chorus line

A Chorus Line é um musical sobre dezessete dançarinos da Broadway que participam de uma audição para o coro de um musical. Estreeou na Off-Broadway em maio de 1975. Para tanto, a produção pediu empretado 1,6 milhões de dólares que foi rapidamente coberto com a venda estrondosa de ingressos. Em julho do mesmo ano, o musical estreeou na Broadway, no Schubert Theater, onde fez 6.137 apresentações, sendo, hoje, o quarto espetáculo que mais tempo ficou em cartaz na história da Broadway. Saiu de cartaz em abril de 1990, quinze anos depois. Até essa dada, nenhum musical tinha ficado tanto tempo em cartaz. O lucro foi de 277 milhões de dólares.

O texto é de James Kirkwood e Nicholas Dante. As letras das canções são de Edward Kleban e as composições são de Marvin Hamlisch. A Chorus Line é o trabalho mais importante da carreira de todos esses nomes. O mesmo, no entanto, não se pode dizer de Michel Bennett, que assina a direção. Antes desse musical, Bennet já havia sido premiado por Follies (1971) e Company (1971). Vieram depois, entre outros, Ballroom (1979) e Dreamgirls (1981).

A cena de abertura é com vários dançarinos (gypsies) participando de audições. Zach é o nome do diretor e Larry, seu assistente. No primeiro corte, sobram 17 dançarinos. E só há vaga para 4 homens e 4 mulheres. O diretor, então, diz que quer conhecê-los melhor. Então, eles devem se apresentar. Com relutância, cada um começa a falar sobre o seu passado. Cada história, e nem todas são verdadeiras, dizem um pouco sobre o candidato. Algumas começam na infância, outras já na adultez. Mike conta sobre ver sua irmã dançando ballet quando ele achou que também poderia fazer isso (“I can do that”). Sheila sobre como o ballet a ajudou na sua vida familiar, Bebe que o ballet a fazia bonita, mesmo não sendo ela uma garota bonita, Maggie que, no ballet, sempre havia alguém por ela, sensação que ela não sentia fora da barra.

Kristine e Al, um casal, fala sobre suas dificuldades. Mark, o mais jovem, fala de suas primeiras experiências sexuais vendo fotos de mulheres nuas. Greg sobre como descobriu sua homossexualidade. Diana sobre como eram as aulas de teatro em sua High School. Don lembra de seu trabalho num nightclub, Richie de como se tornou professor de jardim de infância, Judy reflete sobre seus problemas na infância. Connie sobre como é difícil ter baixa estatura. Val conta que talento não é tudo e canta sobre como o silicone a ajudou a conquistar coisas.

Todos descem para o andar de baixo onde aprenderão uma coreografia. Cassie aparece para falar com Zach. Cassie é uma dançarina que já fez muito sucesso como solista. Ela e Zach já foram casados. Zach diz que ela é boa demais para fazer parte do coro, mas ela está precisando de dinheiro e quer fazer o teste.

Zach chama Paul para o palco. Ele, bastante emocionado, conta da importância de passar no teste uma vez que sua única experiência era num show de dragqueens, em que ele era um dos gogoboys. O número final começa: “One”. Zachs chama várias vezes a atenção de Cassie. Ela insiste. Na sequência de sapateado, Paul cai e se machuca. Zachs pergunta a quem fica o que eles farão quando não puderem mais dançar. O que quer que aconteça, eles respondem, eles estarão livres da culpa de não ter dançado. Cassie, Bobby, Diana, Judy, Val, Mike, Mark e Richie são selecionados.

Com roupas douradas, todos retornam e dançam novamente.

A produção ganhou 12 indicações para o Tony Awards em 1976, ano em que também Chicago concorreu. E ganhou nove troféus: Melhor Diretor, Melhor Coreografia, Melhor Atriz (McKechnie), Melhor Ator Coadjuvante (Sammy Williams), Melhor Atriz Coadjuvante (Bishop) e Melhor Iluminação, Melhor Roteiro, Melhor Música Original e Melhor Musical. No mesmo ano, ganhou o Prêmio Pulitzer de Teatro, um feito que pouquíssimos musicais conquistaram (Fiorello!, 1960).

A versão teatral de 2006, atual, custou 8 milhões e fez 759 apresentações. Foi dirigida por Bob Avian. Ganhou duas indicações ao Tony (Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Revival).

A versão cinematográfica, dirigida por Lord Richard Attenborough (Gandhi, 1982) foi lançada em 1985 com grande similaridade com a versão teatral, mas não total. Michael Douglas interpretou Zach. “Hello Twelve, Hello Thirteen, Hello Love”, “Sing!” e “The music and the mirror” foram excluídas da lista de canções. “Surprise, surprise” e “Let me dance for you” foram adicionadas. “What I did for love”, no teatro, expressava o amor dos dançarinos pela dança. No filme, trata-se do relacionamento entre Zach e Cassie.

Kelly Bishop, a original Sheila, conta que ficou horrorizada com ouviu o diretor Richard Attenborough dizer que “A Chorus Line” era sobre jovens que querem uma vaga na Broadway. A versão teatral não é sobre isso, mas, sim, sobre dançarinos que buscam na possibilidades de passar sua última chance de dançar uma vez que estão ficando velhos demais para isso. De fato, a versão teatral é muito mais forte.

A Chorus Line foi o primeiro musical a incluir o tema da homossexualidade, embora no filme, pouco se fale disso.

A coreografia do filme é de Jeffrey Hornaday. Bennett se nego a fazer a coreografia alegando que o filme nunca conseguiria retratar a peça de forma adequada. Sugeriu que a história fosse de atores fazendo casting para o filme, idéia que foi rejeitada.

O filme ganhou três indicações ao Oscar: Melhor Canção (“Surprise, surprise”), Melhor Edição de Som e Melhor Montagem.

A versão brasileira do musical estreou em 1982 e ficou em cartaz até 1984. Cláudia Raia interpretava Sheila. Sobre sua participação, ela conta:

Como foi o seu retorno ao Brasil?
O Teatro El Nacional pegou fogo e foi completamente destruído. Como eu estava de férias do Teatro Colón, vim para o Brasil e vi um anúncio do Chorus line. Eu falei: “Ah, é meu! Tenho que fazer, é meu!” A produção era do Walter Clark, do nosso querido Walter Clark, uma das pessoas mais importantes da televisão brasileira. Fiz a inscrição para a audição. A minha inscrição foi a “0001” entre 1500 candidatas! Eram 7h da manhã e eu já estava na porta, esperando. Eu falei para ele: “Olha, tem dois problemas: um é que eu sou menor de idade e o outro é que eu quero fazer a Sheila de Chorus line.”. Ele adorou aquilo, porque eu praticamente impus o que queria fazer. Ele disse: “Olha, se você é menor, a gente dá um jeito. Mas, para fazer a Sheila de Chorus line, você tem que passar no teste com os americanos que vêm”. E eu falei: “Você pode escrever que o papel é meu. Eu sei que vou fazer!” Fiz o teste: tive nota 10 em jazz e 10 em clássico. Na hora do canto, eu nunca tinha cantado nada na vida. Eles me disseram que conhaque era bom para a voz. Só que eu não bebo nada. Tomei um cálice de conhaque e entrei completamente bêbada! Eu não sabia para onde eu ia, de tão bêbada que fiquei, e não sabia que música eu ia cantar. Eu fiquei tão desorientada que eu cantei Terezinha de Jesus, mas também não me lembrava da letra. Uma loucura! Um mico! Bom, claro que eu não passei no canto. E o diretor musical falou: “Quem é essa moça?” E o americano dizia: “Eu quero ela, porque ela é a Sheila.” Só que o personagem tinha 36 anos, e eu tinha 15. Eu não tinha nem maturidade para fazer aquele personagem. Fui fazer o teste de interpretação – eu tinha visto a peça sete vezes! –, e fazia exatamente igual ao que eu tinha visto a atriz americana fazer. Então, o americano ficou louco comigo. Ele dizia: “É ela, é ela, é ela!” Só que havia uma outra atriz competindo comigo, que tinha sido minha professora de dança, olha que loucura! E ela ganhou o papel. Eu peguei a minha bolsa e fui embora. Imagina! eu era a primeira bailarina do Teatro Colón, não queria ficar na coxia torcendo para alguém quebrar a perna, para eu poder entrar no lugar. Eu disse que não ia ficar. Minha mãe enlouqueceu e disse: “Você tem que ser humilde, não é possível que você queira fazer o primeiro papel logo de cara”. E eu disse: “Eu sei que posso fazer o primeiro papel, eu tenho certeza de que tenho competência para isso.” Fui para o escritório do Walter Clark – eu, a adolescente – e sentei no chão, louca da vida. Então, ele disse: “Olha, você vai entrar como substituta, mas o papel é seu.” E eu falei: “Não, não me venha enganar...” Ele perguntou: “Quanto que você quer ganhar?” “Eu quero ganhar o salário de uma protagonista, que é o papel que eu gostaria de fazer. Será muito infeliz ficar na coxia, não é isso que eu quero.” Dois dias depois – não sei o que aconteceu na negociação entre ele e a outra atriz – eu ganhei o papel principal, que foi a grande alavanca da minha carreira: até fazer esse papel de comédia, que era extremamente engraçado, eu não tinha noção de que eu era uma comediante. Mas era eu abrir a boca e o teatro vinha abaixo, de tanto rir.

Como você fazia para viver essa personagem, que era 18 anos mais velha?
Bom, eu “mechei” o cabelo todo. Fizemos mechas de um loiro bem clarinho, quase branco, para dar um ar de mais velha. Como ela era uma bailarina, e eu também, nós éramos parecidas fisicamente: magrinhas, enfim. Afinal, ela era uma bailarina de 36 anos, mas era uma bailarina! Eu tentei, junto com o americano e com o diretor brasileiro, pesar um pouco na mão: eu não tinha know-how nenhum, experiência nenhuma de atriz. Mas as coisas vinham assim, de dentro de mim, e brotavam. As pessoas que assistiam ficavam enlouquecidas. Eu trabalhei duro mesmo, porque a gente ensaiava das nove da manhã às seis da tarde, loucamente. Eu saía de lá e ia fazer aula de canto, todos os dias. Empenhei-me e, no final, acabei cantando direito as músicas que eu tinha que cantar. As críticas diziam que eu era a melhor cantora. Realmente, não era um elenco tão maravilhoso em termos de canto, mas eu me empenhei em fazer aquilo e consegui cantar direito. Foi uma temporada de um ano e meio, e depois a gente veio para o Rio. O Walter Clark dizia: “Olha, Cláudia, quando você chegar ao Rio, a TV Globo vai te pegar imediatamente.” E eu dizia: “Ah, imagina! Eu não quero TV Globo, eu não quero televisão, eu sou bailarina!” E ele falou: “Você é um dos raros talentos que aparecem e você vai ser uma grande estrela.” Eu pensava: “Meu Deus, o que ele está falando?” Eu não entendia nada. Acabamos ficando super amigos. Ele foi meu tutor, porque a minha mãe morava longe, em Campinas. Ele é que assinava as coisas por mim, porque eu era menor e não podia fazer os trabalhos que apareciam. Então, o Walter Clark foi parte muito importante da minha vida, foi um pai para mim. A nossa relação foi muito bonita, de pai e filha mesmo. Ele tinha uma filha da minha idade, a Luciana, de quem eu era super amiga. E a gente teve essa relação, em conjunto. Ele participou muito da minha carreira, devo muito a ele.

Vocês realizaram outros trabalhos juntos, você e Walter Clark?
Não. Porque ele não fez mais nada em teatro, na verdade. O Chorus line era uma peça muito cara, que apesar de fazer um enorme sucesso, não se pagava – como a maioria dos musicais no Brasil. 


A ficha técnica da produção brasileira do espetáculo foi a seguinte: 

Concepção, Coreografia e Direção Original:
Michael Bennett

Texto:
James Kirkwood
Nicholas Dante

Música:
Marvin Hamlish

Letras:
Edward Kleban

Tradução:
Millôr Fernandes

Direção e Coreografia:
Roy Smith

Remontagem:
Ricardo Bandeira

Direção Musical:
Murilo Alvarenga

Iluminação:
Abel Kopanski

Cenografia:
Mário Monteiro

Assistente de Coreografia:
Nadia Nardini

Direção de Atores:
Alexandre Tenório

Produção:
Walter Clark
José Octavio de Castro Neves

Elenco
Cláudia Raia
Thales Pan Chacon
Totia Meirelles
Regina Restelli
Raul Gazolla
Teca Pereira
Dil Costa
Luiz Carlos Buruca
Kátia Bronstein
Eduardo Martini
Márcia Albuquerque
Nádia Nardini
Rita Renha
Ricardo Bandeira
Roberto Lima
Roberto Lopes
Sylvia Andrade
Alonso Barros
Accacio Gonçalves
Jorge Bueno
Carola Monticelli
Beatriz Becker
Eduardo Malot
Marcos Jardim
Patrícia Martin
Paulo Xavier
Sergio Funari
Viviane Alfano
Zé Arantes

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A Noviça Rebelde

"The Sound of Music” é um musical de Richard Rodgers (música), Oscar Hammerstein II (letras) e roteiro de Howard Lindsay e Russel Crouse. É baseado no livro de memórias de Maria Von Trapp, chamado The Story of the Trapp Family Singers.

É o décimo primeiro e último musical da dupla Rodgers e Hammerstein, lista essa inclui os premiadíssimos Oklahoma!, Carousel, South Pacific e The King and I. Estreou em novembro de 1959 e transformou em clássicos várias de suas músicas: “The Sound of Music”, “Edelweiss”, “My favorite things”e “Do-Re-Mi”, por exemplo. Hammerstein II (Show Boat), no entanto, faleceu nove meses após a estréia da peça. A primeira versão do musical contava com a estrela Mary Martin (South Pacif, 1949; Peter Pam, 1954) como Maria.

O livro de Maria Von Trapp (1905-1987) foi lançado em 1949 na Pensilvânia. Em 1956, o livro foi transformado em filme na Alemanha Ocidental: Die Trapp-Familie. E dois anos depois ganhou uma continuação: The Trapp-Familie in Amerika.

A história real: http://www.youtube.com/watch?v=84ONXpfkKaU&feature=related

Maria Augusta Kutschera e o Comandante Naval Georg Ludwig Ritter Von Trapp (1880 – 1947), herói da I Guerra Mundial, se conheceram em 1926 quando o capitão a convidou para deixar a Abadia de Nonnberg onde ela era noviça (estudava teologia) para ser a tutora de uma de seus sete filhos, Maria Franziska, que tinha ficado doente e não poderia freqüentar a escola. A abadia havia sido o primeiro e único lar de Maria até então, órfã de pai e mãe desde criança. Seu desejo por se tornar freira nasceu na adolescência. Ela era muito rebelde. Faltava às aulas, tinha notas baixas e causava muita confusão. Um dia, um padre conseguiu fazê-la confessar-se, ela que quando ia à Igreja só o fazia pelas belas músicas que lá cantavam. Maria ficou horas no confessionário e, quando saiu, sentiu-se em paz. Na Abadia de Nonnberg, o convento mais severo de Salzburg, no entanto, seu comportamento não era o de uma futura freira: não era obediente, se esforçava em fazer o outros rir, cantava e assobiava muito. Atender ao pedido do Barão foi para ela muito doloroso porque ela não queria sair do Convento. Mas era uma ordem da Madre Superiora e ela não pode negar.

O Capitão era viúvo de Agathe Whitehead Von Trapp, que falecera em 1924, e a família morava numa imponente mansão em Aigen, subúrbio de Salzburg, na Áustria. Os filhos de Georg e Agathe são: Rupert (1911-1992), Agathe (1913 – ainda viva), Maria Franziska (1914 – ainda viva), Werner (1915-2007), Hedwig (1917-1972), Johanna (1919-1994) e Martina Von Trapp (1921-1951). Inicialmente, seus planos eram o de se casar com a Princesa Ivonne, prima de sua esposa. Seus filhos, no entanto, ao fim do ano e a recuperação de Maria Frankiska, pediram ao pai para que ele fizesse algo para fazer com que a tutora Maria Kutschera ficasse. Sugeriram que os dois se casassem. De fato, depois da chegada de Maria, de ônibus e usando um vestido realmente horrível, a vida na Villa Von Trapp havia ficado mais feliz.

O Capitão pediu a mão de Maria em casamento e ela aceitou após ouvir da Madre Superiora que aquele era o desejo de Deus e ela deveria cumpri-lo, mesmo que sem amor. O casamento entre os dois aconteceu em 26 de novembro de 1927. Maria não casou por amor ao capitão, 25 anos mais velho do que ela, mas às crianças. Segundo a própria Maria, o amor pelo capitão nasceu aos poucos. E, afinal, ela o amou como nunca pensara que poderia amar alguém. Com o Capitão, Maria teve três filhos: Rosemary (1929 - ainda viva), Eleonore (1931 – ainda viva) e Johannes Von Trapp (1939 – ainda vivo).

A relação entre Maria e a família foi bastante difícil. Maria tinha um temperamento bastante intempestivo. A mesma força que tinha em ser alegre e bondosa, ela tinha em ser agressiva. Sempre reagindo de forma silenciosa aos ataques da esposa, Georg e os dez filhos viviam tentando esquecer no sol, as tempestades da nova mãe.

Em setembro de 1932, o Capitão Von Trapp perdeu toda a sua fortuna com a falência do banco austríaco onde estava depositada sua fortuna. O Capitão, então, entrou em depressão pela perda do dinheiro, mas também pela situação em que se encontrava o seu país, que seria anexado à Alemanha Nazista em 1938. A Baronesa Maria, então, tentando enfrentar a crise, fechou-se com sua família no andar de baixo de sua mansão, alugando os dois andares superiores para hóspedes. Uma grande sala da Villa Von Trapp foi transformada em Capela e, na páscoa de 1936, Padre Franz Wasner (1905-1992) fora chamado para celebra a missa. Ele ouviu, então, pela primeira vez o Coro da Família Trapp. A partir disso, passou a fazer parte da família, cuidando da espiritualidade de todos. Ele também ensaiava, às vezes durante seis horas diárias, com as crianças músicas religiosas para as cerimônias locais. Foi então que a família começou a aceitar os convites que recebia para cantar em público em países da Europa. Padre Franz Wasner se tornou, assim, o diretor musical do grupo.

Em 1938, a família Von Trapp deixou sua mansão de trem e foi para a Itália, atravessando os Alpes, fugindo da perseguição aos católicos que se estabelecia na região e o crescimento do Nazismo. O Capitão não corria o risco de ser integrado ao Nazismo uma vez que tinha cidadania européia conquistada pelos títulos que recebera. E os oficiais mais antigos não foram, também, chamados nessa primeira parte da Guerra que só começaria em 1939. Mas, se o Capitão não interessava ao Nazismo, The Salzburg Trapp Coir interessava. O grupo já havia se apresentado em vários locais da Europa, incluindo eventos reais e até para o Papa. Era a música germânica que estava sendo exaltada pela família de cantores. Os convites para cantar em eventos nazistas, incluindo o aniversário do próprio Hitler, chegavam sempre e estava cada vez mais difícil dizer não. A solução encontrada foi investir em agendas internacionais. A família, então, deixa a Áustria e a Villa Von Trapp. Abandonada, a Casa serviu aos Nazistas durante a Guerra. Em 1947, os Missionários do Sangue Precioso compraram a mansão que só em 1992 foi aberta à visitação pública como Villa Von Trapp.

Da Itália foram aos Estados Unidos. A chegada no novo continente, no entanto, não foi nada agradável. A imigração, vendo o grande grupo vestido com roupas folclóricas, entendeu que a família queria ficar no país ilegalmente. Foram mandados para a Ilha de Ellis, onde ficaram presos durante três dias até que foram liberados. Os primeiros shows surgiram, mas o que dinheiro obtido mal dava para sobreviver. Maria Von Trapp, então, decidiu que precisavam de ajuda e chamou Freddy Schang, um importante empresário, para agenciá-los. Ele não se interessou dizendo que o grupo não tinha nenhum apelo comercial. Maria, porém, não aceitava um não como resposta e aceitou as condições do novo empresário: todos tinham que usar maquiagem e relaxar quando estivessem no palco. O nome do grupo mudou de The Trapp Family Coir para The Trapp Family Singers. Mas o resultado pouco mudou: o grupo continuava muito formal, acostumado aos concertos europeus, o que não agradava os americanos.

Numa noite de apresentações, a Baronesa engoliu uma mosca durante o show. Muito vermelha, após recobrar-se, olhou para o público e disse: “O que nunca havia acontecido, agora aconteceu. Eu engoli uma mosca.” E o público caiu na gargalhada adorando a sinceridade da líder do grupo. Esse foi o momento decisivo na carreira artística da família: a descoberta da comunicação com o público. A popularidade aumentou e logo o grupo se tornou um dos mais procurados dos Estados Unidos. O grupo adquiriu um ônibus particular e com ele pode viajar pelo país inteiro.

O sucesso vinha também pelo conceito que o grupo representava. Uma mãe e dez filhos todos cantando em um show que terminava com a chegada do Barão, o pai de todos. Esse era o diferencial do grupo de cantores.

Em 1941, compraram uma propriedade em Vermont, onde construíram um hotel que existe até hoje. O lugar fica sobre as montanhas e a paisagem lembra Salzburg. A transformação da casa de descanso em uma fazenda, um Lodge foi idéia de Maria que não consultava os outros membros da família sobre suas decisões. O dinheiro obtido com os shows ia para o núcleo familiar que trabalhava muito. As crianças, no entanto, começaram a crescer e querer ter a sua própria vida. Maria não permitia e as desavenças começaram a ser constantes. Segundo Alix Williamson, relações públicas do grupo, a baronesa era tão enérgica que seus pedidos não eram pedidos, eram ordens que todos acatavam tamanha a capacidade dela de liderar. Foi de Williamson a idéia de escrever um livro para ajudar a promover o grupo, idéia essa que a Baronesa aceitou com relutância. Lançado em 1946, o livro vendeu admiravelmente bem. Diante do sucesso, Hollywood fez uma proposta de compra dos direitos a qual Maria negou dizendo que ninguém além dela interpretaria ela mesma. E ela podia fazer isso uma vez que a família ganhava muito dinheiro com seus shows.

Mas em 1947, o Barão Von Trapp faleceu de câncer de pulmão. Com ele se foi a pessoa que unia a família. O grupo, a partir de então, começou a desmantelar. Ainda nesse ano, a família criou um fundo de ajuda à Áustria. Em 1949, Maria Von Trapp recebeu uma medalha do Papa Pio XII por esse fundo.

A morte do Capitão abalou Maria profundamente. Ela sentiu-se culpada pela morte do marido e por não tê-lo tratado bem durante a vida. Sentia falta da tranqüilidade que ele dava a ela e que ela não notava quando ele era vivo. Ela não conseguiria nunca manter a família unida como fazia o marido.

Os filhos estavam agora entre 20 e 30 anos e Maria não os deixava ter a sua própria vida o que os ressentia. Rosemary, a mais nova, um dia fugiu de casa e ficou três dias na floresta. Johanna também fugiu alguns meses depois para se casar. Logo, o grupo precisou contratar cantores profissionais para manter o coro.

Durante os anos 50, The Trapp Family Singers gravaram discos e fizeram shows pelo país e pelo mundo.

Em 1956, a Baronesa recebeu novamente uma oferta de venda dos direitos de seu livro. Ela não pode dizer não. Vendeu, então, os direitos do seu livro para o Cinema Alemão por 9 mil dólares, sem nenhuma participação nos lucros futuros. No mesmo ano, Wolfgang Reinhardt dirigiu o filme Die Trapp Familie, considerado um dos mais brilhantes filmes do ano na Europa.

Mary Martin assistiu ao filme e propôs a transformação no musical a Rodgers e Hammerstein que aceitaram a idéia, comprando os direitos dos produtores alemães. Ao descobrirem que a verdadeira família Von Trapp não havia recebido nada com os lucros do filme, ofereceram 3/8 de 1% dos royalties do musical como uma gentileza.

Em 16 de novembro de 1959, o musical estreou na Broadway, onde faria mais 1442 apresentações. Maria vestiu um vestido mandado por Mary Martin. Nos agradecimetnos, ela se levantou e recebeu os aplausos como se fossem para ela, embevecida com o resultado. A baronesa tanto gostou da história que fazia acreditar que aquela era a sua história real, embora não fosse. Mas não gostou da forma como o Capitão fora tratado. Seu marido era o oposto da versão fictícia. Na verdade, era gentil, cordial e afetuoso e ela é que era fria e rude.

Em junho de1960 a Fox pagou 1,25 milhões de dólares para filmar a produção, comprando os direitos parciais de Rodgers e os descendentes de Hammerstein. Quando Maria ficou sabendo da compra, tentou convencer Robert Wise, o diretor, para amenizar a severidade com que seu marido fora retratado na versão teatral. Não adiantou. Wise dizia: “A peça funciona do jeito que está.”

Quando as filmagens aconteciam em Salzburg, Maria foi pessoalmente até lá e exibiu um papel. Wise, então, cedeu e ela pode figurar numa sequência do filme ao lado de Julie Andrews. Andando de um lado para o outro durante três horas na gravação de uma cena, a Baronesa não sabia que sua aparição seria praticamente irreconhecível.

Na estréia do filme, em 1965, a baronesa ficou absolutamente orgulhosa da produção. Na cena do casamento, ela levantou-se e começou a descer em direção à tela como se realmente fosse se casar com o Capitão novamente.

Maria Franziska Von Trapp lembra que, embora a família não tenha ganhado dinheiro com a produção, ganhou certamente a imortalidade do carinho do público. Até hoje, segundo ela, as pessoas os procuram e demonstram sua admiração.

Maria Von Trapp se tornou uma celebridade mundial viajando e dando entrevistas no mundo inteiro. Sua morte aconteceu em 1987, aos 82 anos. Está enterrada ao lado do marido.


O primeiro filme: A Família Von Trapp

A primeira versão cinematográfica do livro foi lançada em 1956. O filme dirigido por Wolfgang Liebeneiner, que dirigiu, ao longo de sua carreira, 98 filmes é o filme alemão mais bem sucedido da década de 50. Representa o ideal do milagre econômico uma vez que é a baronesa com seu trabalho, com dedicação ao simples e puro que consegue fazer levantar a família.

A história é a representação da versão original do livro escrito pela baronesa Von Trapp. No entanto, já nessa primeira versão cinematográfica, vemos o barão retratado não como o bondoso senhor que a família faz questão de expressar, mas como um oficial severo e frio com as crianças.

O filme ganhou uma continuação que foi lançada no ano de 1958. Nessa continuação, A Família Von Trapp na América, estão retratadas as primeiras apresentações da família de cantores no território americano, as dificuldades com a imigração, a compra da casa.

O mais importante, e belo, nessas duas primeiras versões e que, provavelmente, fizeram com que se tornasse um sucesso, é a beleza das canções. Com um repertório tradicional, a família do filme leva a beleza germânica para além das fronteiras do país. A Família Von Trapp vira símbolo de uma cultura.

O papel de Maria, brilhantemente interpretado por Ruth Leuwerik, traz muito do que a Maria de Rodgers e Hammerstein II vai anunciar. A personagem se mostra alegre, disposta, mas firme nos seus propósitos. Diferente das outras versões, os filmes alemães deram grande espaço para a personagem. Na versão americana, Julie Andrews tem o papel de protagonista, mas, sem dúvida, Salzburg brilha mais que tudo.

O musical: The sound of music 

A idéia inicial partiu do director Vincent Donehue que assistiu aos dois filmes (Die Trapp Familie e Die Trapp Familie in Amerika) e pensou imediatamente em sua amiga, a atriz Mary Martin, para o papel principal numa versão para o teatro. Inicialmente pensou-se em uma versão não musical, com uma ou duas músicas talvez. No entanto, tão logo o projeto chegou nas mãos de Rodgers e de Hammerstein II, The Sound of Music nasceu como musical. Várias mudanças na história original foram feitas. Maria tornou-se governanta dos sete filhos, não apenas tutora de uma; o filho mais velho se tornou uma menina; os nomes dos filhos foram trocados; a história teve um salto para frente, ao invés de acontecer no início dos anos 30, passou a acontecer na iminência da guerra; a fuga se deu a pé e para a Suíça e não de trem para a Itália; o Capitão foi recrutado para o exército alemão ao invés dos problemas financeiros; o papel do padre foi excluído... Não há também na versão teatral uma só música tradicional alemã cantada. O Laendler, uma canção folclórica, aparece com novo arranjo numa canção interpretada pelos fantoches, “The Lonely Goatherd”, e recebe nova coreografia numa cena em que Maria e o Capitão dançam.

O musical começa com as Irmãs da Abadia de Nonnberg cantando Dixit Dominus. Uma noviça está falando, Maria. E, na cena seguinte, ela é vista cantando “The hills are alive” no topo de uma montanha. Quando retorna para o convento, os portões estão fechados. Após consultar as outras irmãs sobre o que fazer com Maria, a Madre recebe a noviça. As duas cantam juntas “My favorite things”. Maria é, então, enviada para cuidar de sete crianças na casa de um oficial da marinha austro-húngara. O capitão se chama Georg Von Trapp e ela deverá ficar lá até setembro.

Na mansão Von Trapp, o capitão informa Franz, o mordono, e Frau Schmidt, a doméstica, que uma nova governanta estará chegando. Ela não tem permissão para passear com a crianças até ele voltar de Viena onde estará por algumas semanas. Maria chega e novas regras lhes são informadas pelo capitão. Ele chama as crianças com um apito e ensina à governanta o sinal sonoro de cada uma delas: Liesl, Friedrich, Louisa, Kurt, Brigitta, Marta e Gretl. Eles usam uniformes e marcham. Maria se manifesta contrária ao uso de apito para chamar as crianças e diz ao capitão que o usará. O capitão parte e Maria conta para as crianças que não sabe nada sobre ser governanta. As crianças se apresentam e dizem que não sabem cantar. Maria, então, ensina uma canção: “Dó-re-mi”.

À noite, um mensageiro chamado Rolf traz um telegrama de aniversário para Frantz. Rolf e Liesl se encontra no pátio e ele conta para ela que um coronel alemão está no país e que a anexação da Áustria à Alemanha poderá vir a qualquer momento. Ele diz que se preocupa com ele que só tem 16 anos e não sabe nada da vida. Começa a chover e Rolf vai embora. Liesl sobe pela janela de Maria. Frau Schmidt acabara de sair. Maria havia lhe pedido tecido para costurar roupas para as crianças brincar, mas a doméstica disse que não. As outras crianças aparecem com medo da tempestade. Maria canta para todos “The Lonely Goatherd”.

Um mês mais tarde, o capitão aparece com a baronesa Schräder e Max Detweiler. Enquanto o capitão vai atrás de seus filhos, estranhando que eles não estejam em casa para o receber, a baronesa diz para Max que falta pouco para que ela e o capitão se unam. Ambos cantam uma canção sobre o fato de que apenas os pobres têm tempo para grandes amores (“How can a Love survive?”) Rolf aparece seguido por Liesl. O mensageiro faz ao capitão a saudação nazista o que deixa o capitão ainda mais nervoso, expulsando o jovem da propriedade. Maria e as crianças aparecem com roupas de brincar, feitas com as cortinas do quarto. O capitão fica furioso. Ele e Maria discutem. Ela tenta explicar que a crianças precisam ser amadas pelo seu pai. O capitão ordena que Maria retorne para a abadia. Nesse momento, ambos ouvem as crianças cantarem “The hills are alive” para a baronesa. O capitão se emociona e agradece à Maria por ela ter trazido a música para sua casa novamente. E pede que ela fique, o que deixa a baronesa enciumada. Maria diz a ela que retornará em setembro.

O capitão dá uma festa para apresentar a baronesa aos seus amigos, esses divididos em suas opiniões sobre o Anschluss. Kurt pede que Maria o ensine a dançar o Laendler e ela o faz após inicialmente negar-se. O capitão surge e termina a dança com Maria, o que a deixa bastante constrangida. Com a chegada de Max na festa e o Buffet, o capitão sente que precisa de uma mulher em casa para organizar as coisas. E pede que Maria fique. Maria e e Brigitta discutem sobre o casamento do capitão com a baronesa e a criança diz que ela, Maria, está apaixonada pelo capitão e ele por ela. As crianças dizem “Adeus” aos convidados com uma canção o que deixa Max muito empolgado. Ele convida as crianças para participar de um festival de música que ele está organizando. Enquanto isso, Maria sai da mansão Von Trapp e retorna à Abadia. Lá a abadessa diz que ela não pode fugir dos problemas, mas enfrentá-los. Ela canta “Climb every mountain”.

O segundo ato começa com Max tentando ensinar as crianças a cantar num palco as escondidas do capitão que não quer a exposição dos seus filhos. O capitão aparece e pede que Max e a baronesa deixem a família sozinha. Todos sentem a falta de Maria. O capitão anuncia que pediu a mão da baronesa Schräder em casamento. Os filhos cantam “My favorite things”, mas sem empolgação. Maria aparece nesse momento e todos ficam felizes. Brigitta revela a ela que seu pai se casará com a baronesa e ela diz que só ficará até a família encontre uma nova governanta. Max e a baronesa discutem com o capitão sobre o Anschluss. A dupla diz que é preciso que o capitão aceite o fato da anexação (“No way to stop it”). O capitão não aceita. A baronesa termina o noivado. O capitão declara seu amor por Maria e os dois cantam “An ordinary couple”. E os dois casam na Abadia de Nonnberg.

Durante a Lua de Mel, a Austria é anexada à Alemanha. Herr Zeller, um oficial alemão, quer saber o porquê a casa dos Von Trapp ainda não sustentar a bandeira do Terceiro Reich. O casal chega de volta nos ensaios para a apresentação no Festival de Música organizado por Max. Brigitta convida o pai para ir e ele se nega a acreditar que Max fizera isso com seus filhos. Max insiste que eles cantarão pela Áustria. O capitão diz que a Áustria não existe mais. Rolf aparece com um telegrama para o capitão. Maria e Liesl cantavam uma canção de amor em que Maria dizia para a enteada em que, em breve, ela irá se casar. Rolf, que apareceu agora, é frio com Liesl e se nega a entregar o telegrama para Maria, mas o faz para Franz. O telegrama é uma convocação para o capitão se apresentar como o novo comandante da Comissão Bremerhaven. Maria informa que o Capitão não poderá se apresentar até que sua família tenha se apresentado no Festival de Música, o que é uma surpresa para o capitão.

No dia do Festival, a família canta Do-re-mi. Ao final, um violão é dado ao capitão e ele canta “Edelweiss” como uma homenagem amorosa à Áustria, o que comove a multidão. Antes da família deixar o palco, Max anuncia que essa será a última vez que a família cantará unida. A família canta a música do Adeus (“So long, farewell”). Durante o julgamento, a família foge e se esconde na Abadia. O prêmio fora ganho pela família que não aparece para recebê-lo. Os nazistas começam a procurar a família. Na Abadia, Rolf os encontra e chama seu chefe. Ao ver Liesl, no entanto, ele diz que se enganou. As irmãs avisam que os portões da cidade foram fechados. A família Von Trapp atravessa os Alpes a pé.

O musical fez, sua temporada de estréia, 1433 performances e dividiu o Tony de Melhor Musical de 1960 com Fiorello!. Mary Martin, que ganhou Melhor Atriz (Mary Martin), tinha 47 anos, embora sua personagem estivesse perto dos 20. O prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante foi para Patricia Neway – a abadessa. Ganhou também Melhor Cenário e Melhor Trilha Sonora. Foi também indicado para as categorias de Melhor Ator (Theodore Bikel – o capitão / Kurt Kasznar – Max) e Melhor Direção. Embora o grupo das crianças inclua dois garotos, o conjunto de crianças foi indicado ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante.

Houve muitas produções desse musical ao redor do mundo. Em 1981, foi autorizada a inclusão de duas músicas do filme dirigido por Bob Wise na versão teatral: "I have confidence" e "Something Good".

Em 1998, a Broadway produziu um revival da versão teatral. A produção ganhou apenas uma indicação ao Tony de Melhor Revival.

Em 2006, foi a vez de West End produzir um revival. Após negociações frustradas com Scarlett Johansson, o papel de Maria foi escolhido num programa televisivo chamado “How do you solve a problem like Maria?”. Andrew Lloyd Weber (“Jesus Christ Superstar”, “O fantasma da Ópera”, “Cats”) dirigiu a produção. Connie Fischer foi eleita pelo público como Maria.

Embora Lloyd Weber diga no seu site oficial de que a versão atual se trata de uma adaptação do teatro e não do filme, há mais semelhanças com o segundo do que com o primeiro. “An ordinary couple” foi substituída por “Something Good”. “I have confidence” aparece. “My favorite things”é cantada no quarto de Maria e “The Lonely Goatherd” é cantada no terraço (sem bonecos).

No Brasil, houve três versões do musical:

1965: “Música, divina música” – produção de Oscar Ornstein, direção musical de Mario Bruno e Marcel Class. A tradução de Billy Blanco e Mariza Murray ganhou a interpretação de Norma Suely como Maria, Carlos Alberto como o Capitão, Ana Maria Nabuco como a baronesa, Ary Fontoura como o Tio Max e Monique Lafond como Brigitta.

1992: “Música, divina música”, direção de Ticiana Studart, com Silvio Ferrari, Bia Sion (a baronesa), Luiz Carlos Buruca, Luiz Armando Queiroz e Claudia Borioni.

2009: “A noviça rebelde”, direção de Charles Möeller e arranjos de Cláudio Botelho Pacheco. Estreou em 22 de maio de 2008 e fez temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. Kiara Sasso (e Ester Elias) interpretou a Noviça e Herson Capri (depois Saulo Vasconcelos) o capitão. A montagem inaugurou o Teatro Casa Grande no Rio de Janeiro. A super produção reunia 41 atores/cantores que se revezavam na interpretação dos papéis.

O filme: The sound of music

O filme estreou em 1965 tendo Julie Andrews (Mary Poppins, 1964)) como Maria e Christopher Plummer (Cyrano de Bergerac, 1962) como o Capitão Von Trapp. A direção é de Robert Wise (West Side Story, 1961) pela 20th Century Fox, sendo esse seu filme mais caro desde Cleópatra. "The Sound of  Music" foi o filme mais lucrativo no ano de seu lançamento desde "... E o vendo levou". Em valores atuais, o  filme está na terceira posição como o filme mais lucrativo de todos os tempos perdendo apenas para "... E o vento levou" e "Guerra nas Estrelas".

As diferenças com a versão teatral são justificáveis, na maioria dos casos, pelas belezas das locações. O filme foi gravado em Salzburg, na Áustria, e na Bavária, sul da Alemanha. A cena inicial não é o interior da Abadia como no musical, mas o topo das montanhas, os Alpes. E o plano que aparece no filme é o décimo, sendo que os nove anteriores foram rejeitados porque Julie Andrews, então com 29 anos, era muito magra e sempre caía com a força do vento do helicóptero em que estava presa a câmera. Nesse mesmo lugar, foi gravada a sequência mais célebre do filme que é o picnic, em que Maria ensina as crianças a cantar Dó-ré-mi, partindo para belíssimas cenas em Salzburg. As sequências incríveis do interior da Abadia com as irmãs numa preciosa mostra do equilíbrio da fotografia do filme e da exploração da profundidade, sem fazer disso algo maior que a própria narrativa.

"My favorite things" é cantada no quarto de Maria e não "The Lonely Goatherd". A música foi transferida para um outro momento no filme em que vemos um belíssimo teatro de fantoches. "I have confidence" e "Something Good" são músicas criadas especialmente para o filme. Conta-se que o planejamento original para a cena da estufa em que o Capitão pede a mão de Maria em casamento teve ser refeita com baixa luz. Um ataque de riso dominou a equipe e os dois atores não conseguiam se concentrar. O efeito de sombra sobre eles resolveu o problema e engrandeceu a estética do filme.

Todas as cenas gravadas no fundo da Vila Von Trapp, onde há um lago, foram gravadas duplamente. Na realidade, a parte frontal da Casa dos Von Trapp é o Frohnburg Castle e não há nenhum lago atrás desse palácio. O lago está atrás de Leopoldskron  Castle, onde verdadeiramente está a sala que serviu de inspiração para o salão de bailes da Villa. Foi na edição que as cenas deixaram de ser em dois lugares diferentes mais em só.

Uma outra curiosidade importante a respeito das gravações é a participação da verdadeira Maria Von Trapp no filme ao lado de Julie Andrews. Na cena em que a atriz canta "I have confidence", saindo da Abadia e indo conhecer a família Von Trapp, ela passa pelo centro de Salzburg. Numa rápida cena, a real Maria passa com duas de suas filhas pela atriz, servindo como figurante. Sobre essa cena também, Julie Andrews comenta que foi a parte mais difícil de todas uma vez que tinha que cantar, dançar e correr com uma mala de violão e uma sacola nas mãos.

A redenção de Rolf que acontece no musical  não acontece no filme. Na cena do cemitério, o jovem nazista deixa a família Von Trapp fugir, mas apita quando o Capitão vai embora denunciando a fuga.

Diferente do musical, o primeiro ato do filme termina com o casamento de Maria e do Capitão.


O fim do noivado entre o Capitão e a Baronesa se dá mais pelo sentimento que ele nutre por Maria do que pelas diferentes posições ideológicas como no musical. O Max do filme age como no musical, isto é, conforma-se com a nova realidade política. A Baronesa do filme, no entanto, não se pronuncia sobre o assunto em nenhum momento. As canções “No way to stop it” e “How can a Love surive?” foram excluídas na versão de Wise.

O filme de 174 minutos ganhou dez indicações ao Oscar de 1965 (Melhor Atriz (Julie Andrews), Melhor Atriz Coadjuvante (Peggy Wood), Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino)) e cinco troféus (Melhor Edição de Imagem, Melhor Edição de Som, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção e Melhor Filme).

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